07/12/2020 - 11:13
Depois de atingir a mínima aos 113.550,89 pontos, o Ibovespa migrou para o terreno positivo, renovando máximas, na contramão da cautela externa retratada na queda das bolsas europeias e dos índices futuros em Nova York. A exceção era o Nasdaq, que também testava alta (0,02%). Já o dólar e as principais taxas de juros tinham queda. Há, pouco, a moeda americana caiu abaixo de R$ 5,10.
O avanço da Bolsa brasileira vem na sequência das palavras do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pedindo avanço na agenda de reformas, dizendo que agora irão se sentar à mesa e aprovar as pautas. “Estou pedindo a PEC emergencial que Guedes ministro da Economia, Paulo Guedes iria enviar em 5 de dezembro de 2019”, disse. “O governo antecipou minha sucessão e esqueceu projetos, como PEC emergencial”, disse Maia.
Segundo Maia, a PEC do voto impresso será uma agenda do governo e seu candidato. Em sua visão, a agenda do voto impresso, certamente nenhum dos candidatos vai pautar uma PEC. “Não tenho dúvida que o dia seguinte da nossa vitória será a vitória da democracia.”
Maia afirmou que a decisão do STF – de barrar reeleição da Casa e do Senado – precisa ser respeitada. Com a decisão, disse que o processo eleitoral e qualquer risco de sua candidatura acabaram para o governo. Para o deputado, Ricardo Barros (PP-PR), a decisão do STF “deu tudo certo, como está escrito”.
No entanto, preocupações externas e também seguem no radar. O avanço acelerado de casos de covid-19 no mundo reforça a preocupação em relação ao ritmo da retomada econômica global e que agora tem outro componente: tensão EUA-China.
Relatos de que o governo americano estaria se preparando para impor sanções a autoridades do Partido Comunista da China elevam o nível de incômodo de investidores, deixando em segundo plano, pelo menos por ora, o salto de 21,1% nas exportações chinesas em novembro. As ações de empresas ligadas a commodities metálicas na B3 têm altas moderadas, em torno de 0,20%. Apenas Usiminas PNA subia 0,51%, às 11 horas.
Internamente, além da alta de casos de covid-19 que tem implicado em aumento nas restrições sociais, incerteza quanto ao acordo comercial do Brexit, a decisão do STF de barrar a reeleição na Câmara e no Senado pode ser vista por investidores como um atraso na agenda de reformas.
Outro fator que animar e limitar a queda das bolsas externas e também do petróleo é a expectativa de novidades a respeito das negociações em torno de um novo pacote fiscal nos EUA. “Um anúncio de um pacote seria uma ótima sinalização para os mercados e seria muito importante para o emprego. Daria a perspectiva de atenuação dos efeitos da pandemia de covid-19, que ainda tem respaldo da propagação da vacina contra a doença. Isso pode ser um drive positivo neste momento em que as economias ainda estão combalidas”, analisa o diretor da CM Capital Markets, Fernando Barroso.
Apesar de considerar positiva a decisão do STF, Barroso ressalta que a medida pode distanciar a evolução da agenda de reformas, mudando um pouco o cenário das pautas consideradas importantes para o País. “Pode ser que essa pauta, inclusive a das privatizações, corra algum risco já que os dois não poderão concorrer à reeleição. No entanto, considera a decisão importante, evitando abrir precedente perigosos de longevidade nas casas e de outros poderes. É relevante a troca de ideias”, diz, completando que o governo terá de encontrar alguém alinhado com essa agenda.
A despeito do tom negativo externo, algumas notícias corporativas internas avançam firmes. A Gol, por exemplo, anunciou que obteve geração líquida de caixa de R$ 3 milhões por dia em novembro. Foi a primeira vez desde o início da crise provocada pelo novo coronavírus. Os papéis lideram a lista de maiores elevações da Bolsa, subindo 6,36%, puxando Azul PN (3,50%)
Já a Petrobras informou que, em continuidade ao processo de desinvestimento do Polo Urucu, sua diretoria executiva aprovou nova rodada de ofertas vinculantes. As ações tinham ganhos de 0,62% (PN) e de 0,18% (ON), enquanto o petróleo cedia na faixa de 0,60% no exterior.
Às 10h50, o Ibovespa subia 0,47%, aos 114.281,89 pontos, na máxima.