As próximas leituras dos Índices Gerais de Preços (IGPs) podem trazer novas deflações, mas, provavelmente, a taxa acumulada em 12 meses atingiu o piso histórico em junho, e não deve ter o recorde negativo renovado nos meses seguintes, previu André Braz, coordenador dos Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) saiu de uma redução de 2,33% em maio para um recuo de 1,45% em junho. Com este resultado, o índice acumulou queda de 7,44% em 12 meses, a mais negativa da série histórica iniciada em 1944.

O resultado é puxado pela deflação no atacado: o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-DI) passou de uma redução de 3,37% em maio para um recuo de 2,13% em junho, acumulando uma queda também recorde de 11,21% em 12 meses.

“As quedas acumuladas até o momento já chegaram no seu limite. Quando a gente olha soja, milho e trigo, todas elas estão acumulando queda em 12 meses de aproximadamente 30%”, apontou Braz.

Segundo ele, grandes commodities desaceleraram o ritmo de queda de preços no atacado, refletindo o comportamento no mercado internacional, onde já há uma inversão na curva de cotações em dólares.

“Isso não quer dizer uma mudança de patamar do IPA, não”, disse ele. “Pode ser que essas commodities se estabilizem por um tempo no preço que elas alcançaram agora. Não é que o IPA vai acelerar bruscamente, mas só o fato de essas commodities pararem de cair já dá uma estabilizada no índice.”

Braz lembra que o IGP vinha renovando recordes de quedas puxado pela inflação no atacado. Uma vez que haja estabilização no IPA, a tendência é de acomodação também no IGP.

“O fato de parar de cair não quer dizer que a situação piorou, quer dizer que ela chegou no limite, abaixo disso não dá”, explicou. “Mas isso ainda vai permitir que a inflação fique controlada.”

O coordenador do Ibre/FGV lembra que os IGPs registraram deflações mensais ao longo do segundo semestre de 2022, e que as quedas podem ser mais brandas no segundo semestre de 2023, o que já reduziria a magnitude de retração da taxa em 12 meses.