09/08/2000 - 7:00
Um grupo de 43 empresas de alta tecnologia ? incluindo Microsoft, Yahoo!, Alta Vista, Odigo e AT&T ? quer pôr fim ao monopólio da America Online no mercado de mensagens instantâneas. Dono dos dois mais populares programas de mensagens instantâneas da Internet ? o ICQ, uma abreviação-trocadilho do inglês ?I seek you?, comprado da israelense Mirabilis em 1998, e o Instant Messager (IM) ?, a AOL reluta em permitir que os seus sistemas se comuniquem com os rivais. A chamada interoperabilidade desejada pelos concorrentes é tratada com desdém pela empresa de Steve Case. Com mais de 160 milhões de usuários em todo o mundo, os programas de comunicação instantânea permitem que as pessoas troquem mensagens em tempo real usando seus computadores conectados à Internet. Especialistas afirmam que enquanto não houver uma ação forte do governo americano, a AOL, dona de mais de 80% do mercado, não irá abrir o filão aos concorrentes. Já os críticos dizem que a posição da AOL é anticompetitiva. Segundo eles, é como se uma operadora de telefonia proibisse que uma pessoa fizesse uma ligação para outra em outro Estado.
O ICQ, o mais popular dos programas de comunicação on-line, virou febre principalmente entre os americanos. Lá, os usuários ativos mantêm o ICQ aberto no computador por mais de três horas diárias. A cada dia pelo menos 94 mil novos internautas se registram no serviço. No Brasil, a utilização do ICQ vem crescendo rapidamente e já é o terceiro país em número de usuários do programa. A estimativa é de que existam mais de 2,5 milhões de brasileiros trocando mensagens pelo ICQ, à frente da Inglaterra, Japão, China e México. O negócio é tão bom que os principais provedores nacionais desenvolveram ou tropicalizaram versões do programa. O Universo On Line, por exemplo, criou o seu próprio sistema para não ficar fora do mercado. Lançado no mês passado, a vantagem do COMVC (lê-se com você) é que ele é todo em português. ?Desenvolvemos o único serviço de mensagens instantâneas fora do eixo Israel?Estados Unidos?, diz Caio Túlio Costa, diretor-geral do UOL.
O domínio da AOL no mercado de comunicação instantânea chamou a atenção dos órgãos do governo americano, que estavam examinando a fusão do provedor com a Time Warner. Os técnicos da Comissão Federal de Comércio (FTC) chegaram a pedir documentos da AOL e de seus competidores na área de programas de comunicação instantânea. A AOL alegou que abrir os seus sistemas significaria colocar em risco a segurança e a privacidade de seus clientes. O FTC ainda não se pronunciou. Enquanto isso, os concorrentes ameaçam criar um padrão aberto, chamado IMUnified, para forçar a AOL a aderir ‘a unificação. Até agora, todos os programas que permitiram a comunicação com o ICQ ou AIM, como o Odigo, foram rapidamente bloqueados pela AOL.