País subiu cinco posições em ranking que compara progressos no desenvolvimento humano, mas segue abaixo de pares como México e Irã. Relatório alerta para aumento das desigualdades mundiais e vê oportunidades com IA.O Brasil avançou na principal métrica da Organização das Nações Unidas (ONU) para desenvolvimento humano, embora os progressos a nível global tenham desacelerado ao ritmo mais lento em 35 anos.

Os resultados aparecem em relatório anual do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano (PNUD) divulgado nesta terça-feira (06/05) com base em dados de 2023.

Segundo o documento, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) brasileiro subiu de 0,760 para 0,786, patamar considerado elevado pela ONU. Com isso, o país ganhou cinco posições e chegou à 84° colocação ranking mundial que analisa o desempenho de 193 nações.

A maior economia da América Latina continua atrás de pares como México (81°), China (78°),Irã(75°) e Rússia (64°).

Entre os três pilares que compõem o cálculo do IDH, o Brasil apresentou melhora na expectativa de vida ao nascer e no Produto Interno Brito (PIB) per capita, mas registrou avanço mais tímido no acesso à educação.

Desaceleração global “alarmante”

Do ponto de vista internacional, o desenvolvimento humano passa por uma desaceleração “alarmante”, de acordo com o relatório. O crescimento no IDH mundial projetado para 2024 é o mais fraco desde 1990, com exceção do retrocesso verificado em 2020 e 2021, em meio à crise econômica resultante da pandemia de covid-19.

O cenário ameaça a perspectiva de chegar a 2030 com um IDH global no nível “muito elevado”, afirmou o administrador da PNUD, Achim Steiner. “Se o lento progresso de 2024 se tornar ‘o novo normal’, o marco de 2030 poderá atrasar-se em décadas, tornando o nosso mundo menos seguro, mais dividido e mais vulnerável a choques econômicos e ecológicos”, alertou.

As desigualdades entre os países das categorias “IDH muito elevado” e “IDH baixo” se aprofundaram pelo quarto ano consecutivo, ainda conforme o estudo. O movimento reverte a tendência de longo prazo de redução das disparidades.

O agravamento das tensões comerciais e da crise da dívida complicam o quadro para os países mais pobres, acrescenta a PNUD. A análise não cita textualmente nenhum governo, mas coincide com as crescentes disputas no comércio global após o presidente dos EUA,Donald Trump, aplicar uma série de tarifas a importações.

O relatório também menciona o fenômeno da industrialização sem geração de empregos.

Otimismo com inteligência artificial

A agência da ONU apresentou ainda os resultados de uma pesquisa global que sugerem certo otimismo em relação ao impacto econômico da inteligência artificial (IA). Metade dos entrevistados disse acreditar que seus empregos podem ser automatizados, mas 60% entendem que os efeitos serão positivos – ou seja, haverá a criação ocupações que ainda não existem.

Segundo o levantamento, 13% dos participantes temem que a IA levará à eliminação de postos de trabalho. Nos países com IDH baixo e médio, 70% preveem que a tecnologia ampliará a produtividade. Ao todo, foram ouvidas mais de 21 mil pessoas em 21 nações.

Para disseminar os benefícios da IA, a PNUD recomenda que a comunidade internacional trabalhe para construir uma “economia de complementaridade”, em que a IA colabore com os trabalhadores, ao invés de competir.

A agência defende a modernização dos sistemas de educação e saúde, a fim de atender às demandas do século 21. Ao mesmo tempo, considerações humanas devem ser incorporadas a todo ciclo de desenvolvimento da IA, do projeto à implementação, avalia a PNUD.

am/cn (ots)