12/02/2025 - 14:57
Pelo menos 30 pessoas, entre elas adolescentes e idosos, dormiam na fábrica de fantasias de carnaval, em Ramos, na zona norte do Rio de Janeiro, quando o incêndio começou, no início da manhã desta quarta-feira, 12, de acordo com relatos de vítimas. Cenas de desespero marcaram o resgate das pessoas, com muitas gritando por socorro e saindo pelas janelas.
“Estávamos dentro do ateliê trabalhando e comecei a ouvir os gritos de fogo”, contou uma funcionária identificada como Roberta. “Quando eu abri a porta, o fogo veio e só deu tempo da gente correr, se jogar pela escada e sair. Mas tinha mais gente lá em cima. Pegou fogo em tudo, tudo, nas máquinas. Está desesperador, foi horrível.”
“Fui o primeiro a sair. Não sei quem ficou lá dentro. Não sei quantas pessoas estão bem ou mal. Tinha senhora de idade, tinha adolescente”, relatou um funcionário, que também estava trabalhando quando o fogo começou. “Foi muito rápido, porque tinha muita espuma, tecido. Foi muito rápido.”
Não está claro, porém, qual era a jornada e se todas pessoas que estavam no local eram funcionários da empresa. O Ministério Público do Trabalho abriu uma investigação para apurar o caso.
Moradores dos prédios vizinhos acordaram com os pedidos de socorro e tentaram ajudar no resgate das vítimas. Muitos prédios foram evacuados por risco de que o fogo se alastrasse pela vizinhança.
“A gente foi jogando toalha molhada, tentando manter a calma com eles, e ligou pros bombeiros. Quando eu cheguei, já estava todo mundo na janela. Era muita gente na janela gritando e um cheiro de fumaça muito forte. (…) Elas estavam pedindo ajuda, com medo de morrer”, contou.
Um bombeiro civil, também morador da região, foi o primeiro a entrar no prédio para ajudar no resgate das vítimas. Segundo ele, uma mulher, em desespero, pulou da janela e pode ter quebrado uma perna.
Wesley da Cruz Ricardo, de 27 anos, é o rapaz que aparece preso em uma janela da fábrica de fantasias de carnaval que foi completamente destruída na manhã desta quarta-feira, 12. Nas imagens divulgadas pela TV, ele está sem camisa e de bermuda amarela, usando uma toalha molhada para ajudar a respirar. Ele e outras três pessoas foram resgatadas pelo Corpo de Bombeiros por meio de uma escada.
O jovem chegou a dar entrevista à TV Globo logo depois de ser resgatado. Ele estava chorando e muito abalado, dizendo que precisava ligar para a mãe para acalmá-la. A mãe viu o filho preso na fábrica pela televisão. Wesley foi levado para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro, por conta da inalação de fumaça e de cortes em um dos braços.