O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, disse nesta quarta-feira que em novembro o Investimento Direto no País (IDP), de US$ 7,780 bilhões, foi o maior para o mês desde 2019, quando ficou em US$ 8,7 bilhões. No mesmo mês de 2022, o montante havia sido de US$ 7,583 bilhões e, em outubro, entraram no País apenas US$ 3,306 bilhões em IDP.

“O IDP teve resultado robusto em novembro, ligeiramente acima do resultado de novembro de 2022”, constatou o técnico. Ele lembrou que os fluxos de IDP estavam vindo baixos ao longo de 2023, principalmente quando comparados aos de 2022, que foi um “auge recente” em valores depois da pandemia de coronavírus. “Mas em novembro houve uma recuperação”, salientou, acrescentando que, mesmo com a redução vista no ano passado, o IDP segue bem superior ao déficit da conta corrente. O IDP é uma forma de “financiar” esse resultado negativo das transações.

O resultado do mês de novembro veio acima do teto das estimativas do levantamento realizado pelo Projeções Broadcast, que iam de US$ 2,80 bilhões a US$ 7,50 bilhões. A mediana apontava ingresso líquido de US$ 3,950 bilhões. No ano até novembro, o fluxo de IDP ficou em US$ 52,716 bilhões. Em 12 meses, o saldo de investimento estrangeiro ficou em US$ 57,718 bilhões, o que representa 2,68% do Produto Interno Bruto (PIB).

A estimativa do BC para 2023 é de IDP de US$ 60 bilhões, projeção que foi atualizada no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de dezembro.

Viagens internacionais

Fernando Rocha comentou também sobre a recuperação da conta de viagens, salientando que, de janeiro a novembro de 2023, o saldo já se iguala ao mesmo período de 2014, quando o Brasil recebeu a Copa do Mundo de futebol, o que normalmente atrai um maior número de turistas para o país anfitrião do evento.

Mais cedo, o BC divulgou que a conta de viagens internacionais registrou déficit de US$ 527 milhões ante saldo negativo de US$ 641 milhões em igual mês do ano anterior. O desempenho da conta de viagens internacionais em novembro foi determinado por despesas de brasileiros no exterior, que somaram US$ 1,143 bilhão. Já o gasto dos estrangeiros em viagem ao Brasil ficou em US$ 616 milhões em novembro. “A redução no déficit de viagens se deve à alta de gastos de estrangeiros no Brasil”, salientou, acrescentando que essas receitas de viagens no mês em questão foram as maiores da série para novembro.

No acumulado de 2023, o saldo líquido da conta de viagens ficou negativo em US$ 7,164 bilhões. No mesmo período de 2022, o déficit nessa conta foi de US$ 6,658 bilhões.