09/11/2017 - 20:41
O subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Mark Lowcock, alertou ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que se o acesso aéreo, marítimo e terrestre não for reaberto no Iêmen para ajuda humanitária, “haverá uma fome sem precedentes” no país. Segundo ele, esta seria a “maior crise de fome que o mundo já viu em décadas, com milhões de vítimas”. A informação é da ONU News.
Segundo Lowcock, não será uma fome como a vista no Sudão do Sul no início deste ano, que atingiu dezenas de milhares de pessoas ou a que custou a vida de 250 mil na Somália em 2011, mas algo muito pior.
Na terça-feira (7), a ONU já havia confirmado que as operações humanitárias para o Iêmen estavam bloqueadas devido ao fechamento de portos aéreos e marítimos no país. O fechamento ocorreu após a morte de um príncipe saudita e sete outras pessoas na queda de um helicóptero perto da fronteira do Iêmen com a Arábia Saudita, país que lidera a coligação que atua no conflito iemenita.
Ações imediatas
Falando a jornalistas na sede da ONU na quarta-feira (8), em Nova Iorque, após seu informe ao Conselho de Segurança, Lowcock defendeu a realização imeditata de algumas medidas.
Em primeiro lugar, ele pediu a retomada imediata de serviços aéreos regulares da ONU e de outros parceiros humanitários às cidades de Sanaa e Áden, seguida de uma garantia “clara e imediata” de que não haverá outras interrupções a esses serviços.
Lowcock citou ainda: um acordo sobre o posicionamento do navio do Programam Mundial de Alimentos (PMA), na costa de Áden, com garantias de que as funções que ele apoia não serão mais interrompidas; e a retomada imediata do acesso humanitário e comercial a todos os portos marítimos do Iêmen, especialmente para a entrega de comida, combustível, medicamentos e outros suprimentos essenciais.
Por fim, o oficial da ONU pediu a redução da interferência, com atrasos ou bloqueios, a todos os navios que tenham passado por inspeção do Mecanismo da ONU de Verificação e Inspeção para que possam seguir em direção aos portos o mais rápido possível. Segundo o subsecretário-geral, isso seria “muito importante”, já que o acesso humanitário através dos portos já “era inadequado mesmo antes das medidas anunciadas em 6 de novembro”.
Desde março de 2015, o número de mortos nos combates no Iêmen é de 5.295. Mais de 8,8 mil pessoas ficaram feridas. O país também está passando pela epidemia de cólera de crescimento mais rápido já registrado. Até 1º de novembro já houve cerca de 895 mil casos suspeitos, mais da metade em crianças, com cerca de 2,2 mil mortes associadas desde 27 de abril.