29/07/2023 - 8:32
Gálatas, capítulo 6, versículo 10: “Enquanto temos oportunidade, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé”. O início da jornada da startup inChurch não poderia deixar de ter uma passagem inspiradora da Bíblia. Afinal, a criação da plataforma, em 2017, uniu duas paixões de seus fundadores e co-CEOs, Pedro Franco e Sydney de Menezes: religião e empreendedorismo.
Seis anos atrás, os dois publicitários cariocas que se conheceram em um culto da Sara Nossa Terra resolveram criar um catálogo digital para promover a conexão entre consumidores e comerciantes dentro a igreja.
Durante a trajetória, observaram que esse mercado tinha outros potenciais, pois os templos de uma maneira geral estavam afastados da tecnologia. Principalmente durante a fase mais aguda da pandemia, entre 2020 e início de 2021, em que praticamente tudo fechou.
As igrejas começaram a fazer a transmissão dos cultos ao vivo pela internet, mas não era exatamente isso que as tornaria de fato digital. Foi então que Franco e Menezes pivotaram seu negócio para oferecer ferramentas tecnológicas e transformar a igreja em 4.0, com fé nos algoritmos.
Deu certo. Daquele simples guia que gerava vendas entre irmãos da comunidade evangélica a startup ganhou corpo, com dezenas de serviços em um modelo de SaaS (Software as a Service), em que as igrejas pagam mensalidade para usar o aplicativo.
Hoje a inChurch possui 45 mil congregações em sua base. O crescimento tem sido quase sobrenatural. No primeiro trimestre deste ano, praticamente triplicou de tamanho. Com o avanço, vem os investimentos. Este ano estão previstos R$ 10 milhões, entre contratações e aquisições.
“A igreja se tornou híbrida. O que acontece no presencial, no momento que as pessoas estão reunidas, pode ser potencializado por um ambiente digital. Isso faz as pessoas participarem mais.”
Sydney de Menezes, da inChurch
A plataforma atende desde pequenos templos com 50 fiéis até grandes instituições religiosas, com 25 mil integrantes.
Entre os clientes estão denominações como a Igreja Batista Central de Belo Horizonte, Igreja da Cidade, Ministério Alcance, Mevam, Deus é Amor e Assembleia de Deus Belém. Segundo Franco, “com tecnologia a gente ajuda a igreja no evangelismo, a cuidar e capacitar pessoas.”
A startup trabalha no sistema de pacotes, cada um deles com algumas funcionalidades. Entre elas estão:
* pedidos de oração,
* inscrições para eventos,
* agenda de batismos,
* participação on-line das atividades,
* divulgação do material de comunicação,
* gerenciamento de áreas para crianças
* e até serviços financeiros para ofertas e dízimo.
Lembra do catálogo digital que foi o início da Inchurch? Está sendo redesenhado para ser lançado novamente em breve no app. A interação com os fiéis é sempre estimulada. Por lá, eles podem expressar como estão se sentindo, se estão doentes, se estão passando por um momento difícil, se passam por necessidades.
“As igrejas têm essa vocação, de ajuda, mas muitas vezes não chegam até quem precisa por falta de ferramentas adequadas. Nós fazemos isso de maneira escalável”, disse.
Essas funções digitais auxiliam as congregações a reter e ampliar o número de participantes, como ocorreu no Ministério Novo tempo, localizado no distrito de Pirituba, na capital paulista. Tinha cerca de 50 pessoas, em média, mas com alta rotatividade. “Muitas entravam e saiam. Com o uso da nossa plataforma, atualmente são 400 frequentadores”, afirmou.
Investimentos
Entre os recentes investimentos da inChurch, destaque para a aquisição da startup Atos6, plataforma de gestão e comunicação no segmento. Era praticamente uma concorrente, que foi comprada para agregar novos serviços.
Para Luiz Barbosa, ex-CEO da Atos6, essa união de forças pode gerar oportunidades para a expansão da empresa e das igrejas. “Podemos construir algo muito maior, de nível global, e assim sermos ainda mais relevantes.” Ou seja, vem internacionalização do negócio por aí.
Em outra movimentação importante feita pela InChurch foi a contratação de Nando Valente, ex-general manager do Glorify no Brasil. Junta-se aos cerca de 150 colaboradores da empresa, que tem vagas abertas em TI.
Com ampla experiência no ramo religioso, com passagens por rede de televisão do segmento e por plataformas de criação de conteúdos para instituições, ele é chief revenue officer (CRO) da startup e vai cuidar de novos negócios.
Segundo Valente, a entrada na inChurch foi uma conexão de propósito misturada à oportunidade de ajudar as igrejas num momento de transformação na sociedade. “Vamos fazer história não somente no Brasil, mas estamos olhando para o mundo e para os países que ainda não tem acesso à tecnologia de ponta para ajudar no cuidado das pessoas.” Com fé na inovação para tornar a igreja 4.0.