Imagine uma tela de cinema 4,5 mil vezes maior que a de uma TV, que pode chegar à largura de um campo de futebol americano e à altura de um prédio de oito andares. Agora, imagine como seria assistir a um filmaço de Hollywood ou a belíssimos documentários sobre o fundo do mar e o espaço em uma tela dessas, com imagens em duas ou três dimensões. A canadense IMAX, responsável pela tecnologia que torna essa experiência possível, acaba de anunciar sua chegada ao Brasil. A cidade escolhida foi Curitiba (PR). Os paranaenses terão de esperar até 2008 para conhecer a supertela ? essa é a data prevista para a inauguração do shopping Palladium, que abrigará e administrará a sala IMAX. Enquanto isso, a empresa prepara a abertura de espaços em outras cidades brasileiras e em outros países da América Latina.

Fundada em 1967, a IMAX tem 260 salas em 36 países e fatura US$ 136 milhões. É pouco. Os canadenses têm na ponta da língua o por que de uma operação tão tímida: instalar uma telona gigante, incluindo a construção da sala e os equipamentos, custa US$ 5 milhões. É um investimento arriscado, já que nem todo filme pode ser exibido numa sala IMAX. As produções precisam ser filmadas (ou convertidas) num formato especial de 15 por 70 milímetros. O cinema convencional usa 35 milímetros. E até três anos atrás era impossível transformar o convencional em IMAX, o que mantinha a empresa longe dos sucessos de Hollywood. Assim, ela se especializou em documentários e filmes educativos (o acervo conta com 200 títulos), que não são campeões de bilheteria. Essa foi uma das razões pelas quais a rede Cinemark, que opera salas IMAX nos EUA, optou por não trazer a tecnologia ao Brasil. ?Preferimos nos estabelecer no segmento comercial antes de apostar nesse formato?, explica Valmir Fernandes, presidente da Cinemark no Brasil.

Porém, dois recentes avanços tecnológicos colocaram os países emergentes na rota da IMAX. Primeiro foi o surgimento, em 2002, de um sistema capaz de converter filmes convencionais ao formato gigante. Grandes produções como ?A Fantástica Fábrica de Chocolate? e ?Homem-Aranha 2? puderam ser vistos na supertelona ? alguns até em três dimensões. O próximo lançamento será ?Harry Potter e o Caldeirão de Fogo?, em novembro. Depois, a companhia canadense desenvolveu uma tecnologia, a IMAX MPX, para que a tela gigante e seu potente sistema de som pudessem ser abrigados em salas de normais. Com isso, o custo de instalação caiu para US$ 1,5 milhão. ?Só assim conseguimos, depois de cinco anos de procura, encontrar um parceiro para abrir uma sala IMAX no Brasil?, conta Romi Schutzer, vice-presidente de marketing da empresa.

Quem se dispôs foi a paranaense Tacla, dona do futuro shopping Palladium. ?Os shoppings brasileiros são todos parecidos. Queríamos uma atração que acabasse com essa mesmice?, explica Aníbal Tacla, diretor do grupo que tem mais três centros de compras no Sul do Brasil. Ele desembolsou US$ 2,5 milhões na construção da sala e na compra de equipamentos. Os próximos alvos da IMAX no Brasil: Salvador, Recife, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo.