São Paulo, 5 – A produção de soja em Mato Grosso deve atingir 47,18 milhões de toneladas na safra 2025/26, o que representa uma queda de 7,29% em relação ao ciclo anterior, segundo estimativa divulgada pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). A retração decorre da expectativa de menor produtividade, estimada em 60,45 sacas por hectare, recuo de 8,81% na comparação anual. A área plantada, por outro lado, deve crescer 1,67% e alcançar 13,08 milhões de hectares, novo recorde histórico para o Estado.

Segundo o instituto, a definição da janela de plantio dependerá da regularização das chuvas após o fim do vazio sanitário, que se encerra em 7 de setembro. Modelos meteorológicos indicam maior probabilidade de precipitações acima da média em setembro e outubro nas principais regiões produtoras, o que pode favorecer o início do cultivo. O cenário climático é de neutralidade no fenômeno El Niño-Oscilação Sul (Enso), conforme projeções do Bureau de Meteorologia da Austrália.

Apesar da expectativa de menor produtividade, a demanda deve permanecer firme. O Imea estima que o consumo interno de soja em Mato Grosso fique em 13,24 milhões de toneladas em 2025/26, mesmo patamar do ciclo anterior, sustentado pelo aumento da mistura obrigatória de biodiesel (B15) em vigor desde 1º de agosto. Já as exportações podem recuar 3,16%, para 29,83 milhões de toneladas. Com isso, os estoques finais da safra devem cair 31,04%, somando 940 mil toneladas.

O avanço das cotações internacionais e a valorização dos prêmios de exportação impulsionaram os preços locais da soja. A saca disponível em Mato Grosso foi cotada, em média, a R$ 116,22 na semana encerrada em 1º de agosto, alta semanal de 2,11%. A paridade de exportação do contrato março/26 ficou em R$ 106,95 por saca, queda de 0,71% na mesma base de comparação. O contrato na CME-Group recuou 2,12% no período, fechando a US$ 10,34 por bushel.

Os prêmios portuários tiveram forte oscilação. Em Paranaguá, o prêmio para março/26 subiu 94,12% na semana, para ?US$ 26,40 por bushel. Em Santos, a alta foi de 6,57%, com o prêmio atingindo ?US$ 178,40 por saca. O diferencial de base entre o Estado e Chicago se manteve negativo, em R$ -0,87 por saca.

Na comercialização, 81,93% da safra 2024/25 já está comprometida, avanço de 3,43 pontos porcentuais em julho. Para a safra 2025/26, os produtores negociaram 17,50% da estimativa de produção até o mês passado. O preço médio ponderado das vendas para o novo ciclo é de R$ 108,08 por saca.

O custo total de produção da safra 2025/26 foi estimado em R$ 4.145,02 por hectare, redução de 9,86% ante a safra passada, com os insumos representando 88,5% desse valor. A relação de troca subiu 2,41% na comparação mensal, exigindo 34,35 sacas para cobrir o custo total por hectare. A margem bruta estimada pelo Imea recuou 14,27%, ficando em R$ 648,47 por hectare.

O esmagamento de soja também perdeu fôlego. Em julho, a margem bruta caiu 12,33%, para R$ 390,09 por tonelada. Apesar do aumento de 3,93% no preço do óleo de soja (R$ 6.209,06/t), a valorização do grão reduziu a competitividade da indústria. O farelo teve alta de 2,31%, para R$ 1.732,11 por tonelada.

Milho

A área de milho cultivada em Mato Grosso na safra 2024/25 foi consolidada pelo Imea em 7,26 milhões de hectares, crescimento de 6,29% em relação ao ciclo anterior. O aumento de 1,80% ante a estimativa de julho foi confirmado por análise de imagens de geoprocessamento. Com produtividade mantida em 126,27 sacas por hectare, a produção deve atingir 55 milhões de toneladas, recorde da série histórica e alta de 16,14% sobre a safra passada.

A expansão da área reflete a valorização do milho no momento do planejamento da safra, que tornou a cultura mais atrativa em comparação a gergelim e sorgo. A região nordeste liderou o crescimento, com aumento de 171,25 mil hectares, recuperando espaço perdido no ciclo anterior para outras culturas de segunda safra. Mesmo com chuvas chegando tardiamente na região, produtores priorizaram o milho em busca de maior rentabilidade.

A demanda total por milho em Mato Grosso foi estimada em 53,70 milhões de toneladas, alta de 10,48% sobre a safra 2023/24. As exportações devem responder por 52% desse volume, totalizando 28,05 milhões de toneladas, crescimento de 15,90%. O consumo interno no Estado foi projetado em 17,41 milhões de toneladas, impulsionado principalmente pela maior demanda das indústrias de etanol de milho e pela alimentação animal. O consumo interestadual deve somar 8,24 milhões de toneladas.

Com oferta de 55,10 milhões de toneladas e demanda de 53,70 milhões de toneladas, os estoques finais foram estimados em 1,41 milhão de toneladas. A colheita da safra 2024/25 atingiu 96,38% da área até 1º de agosto, com atraso de 3,53 pontos porcentuais em relação ao ano anterior.

O Imea também revisou a área da safra 2023/24 de 6,81 para 6,83 milhões de hectares após aprimoramento metodológico baseado em geoprocessamento. A nova abordagem incorporou dados com maior precisão espacial e temporal, elevando a produção do ciclo anterior para 47,35 milhões de toneladas.

Os preços do milho disponível em Mato Grosso subiram 1,26% na semana, para R$ 42,36 por saca. O diferencial de base entre o Estado e a bolsa de Chicago melhorou 13,09%, ficando em R$ -9,28 por saca. A valorização do dólar em 0,58% na semana também contribuiu para sustentar as cotações locais.