13/08/2024 - 12:39
O Instituto Médico-Legal (IML) de São Paulo concluiu que as vítimas do acidente com o avião da Voepass, que caiu em Vinhedo, interior paulista, na sexta-feira, 9, morreram de politraumatismo. O acidente deixou 62 mortos – sendo 58 passageiros e quatro tripulantes.
A aeronave despencou mais de 4 mil metros de altura em apenas um minuto até atingir o solo. “A aeronave, ela despencou, caiu de ‘barriga’ no chão e provocou um politraumatismo generalizado. Ela explodiu, pegou fogo. Grande parte da região traseira do avião – da cauda para trás – sendo que todos (os passageiros) tiveram politraumatismo e morreram de imediato. Uma morte instantânea”, afirmou Vladmir Alves dos Reis, diretor do IML.
A aeronave não explodiu no céu. Teve uma queda praticamente livre. Ocorreu um incêndio somente após a queda do avião. “Com a labareda, com o fogo que pegou, alguns corpos foram queimados, já após as mortes. Hoje, temos a certeza que todas as vítimas tiveram morte por politraumatismo. Temos a convicção e a certeza científica de que todos morreram de politraumatismo. A aeronave despencou de uma altura de 4 mil metros e, ao atingir o solo, o choque foi muito grande e todos sofreram politraumatismo”, acrescentou Reis.
O incêndio ocorreu somente depois do avião ter atingido o solo. Posteriormente, algumas vítimas tiveram queimaduras, mas não chegaram a ficar totalmente carbonizadas. “As queimaduras que culminaram com a carbonização de alguns corpos foram secundárias ao politraumatismo”, afirmou ele. “Garanto para vocês que quando esses corpos forem entregues aos seus familiares eles vão ter 100% de certeza que realmente é aquela pessoa. Não liberamos nenhum corpo se não houver certeza absoluta nesta verificação. Por isso, o processo daqui para frente é um pouco mais lento, minucioso”, acrescenta Reis.
Identificação dos corpos
Todos os corpos foram necropsiados até domingo, 11. Depois, todos os corpos permaneceram à disposição das equipes especializadas para a coleta de exames radiológicos, principalmente da cavidade bucal para que fosse realizada a comparação odontológica com eventuais exames prévios das vítimas do acidente.
Também foi realizada a coleta de material biológico para eventual exame de comparação de DNA, no sentido de tentar identificar melhor as vítimas.
A unidade Central do IML de São Paulo permanece trabalhando exclusivamente na identificação dos corpos das vítimas do acidente. Ainda não há prazo para a conclusão.
Conforme boletim do governo de São Paulo divulgado na manhã desta terça-feira, 35 corpos foram identificados e 17 liberados aos familiares, que são os primeiros a serem comunicados sobre o andamento do trabalho de reconhecimento. Os outros 18 estão em processo de liberação e aguardam documentação complementar.
Mais de 50 familiares foram acolhidos no Instituto Oscar Freire, espaço próximo ao IML, onde especialistas colheram informações que pudessem ajudar na identificação das vítimas, como histórico de fraturas, tatuagens ou próteses, além da coleta de amostras de DNA.
Até a noite de segunda-feira, haviam sido coletados DNAs de 28 famílias em São Paulo e outras 17 em Cascavel. Há, ainda, familiares que residem no Ceará e poderão realizar as coletas de materiais biológicos junto à Polícia Científica local.
Investigações seguem em andamento
A Polícia Civil de São Paulo, por meio da Delegacia de Vinhedo, instaurou inquérito policial para investigar o acidente aéreo, em paralelo às investigações do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). O local segue preservado para perícias adicionais.
As condições climáticas estão entre as hipóteses mais fortes para explicar a queda do avião em Vinhedo, no interior paulista. É o acidente aéreo com maior número de vítimas em solo brasileiro desde 2007.
Imagens da queda do avião, que mostram a aeronave caindo em um giro vertical, posição chamada de “parafuso chato” no meio da aviação, é o principal indicativo de que o acidente ocorreu devido a uma perda de sustentação, o “estol”.