23/03/2005 - 7:00
O YKK Corporation é uma potência nipônica com 122 filiais espalhadas por 66 países dos cinco continentes, onde atua um exército de 36,5 mil trabalhadores. Fundada em 1934 por Tadao Yoshida, funcionário de um modesto armarinho, a empresa não precisou de muito tempo para se tornar uma potência com receita global de US$ 5,3 bilhões, obtida nos segmentos de construção civil, metalurgia, metal-mecânica e agribusiness. Mas quem responde pela maior fatia das vendas é a divisão de zíper. É isso mesmo! Aquele simplório utensílio inventado pelo americano Whitcomb Judson em 1891, também chamado de fecho ecler, rende a bagatela de US$ 2,3 bilhões por ano aos cofres da YKK Corporation. De suas plantas saem anualmente 2,26 milhões de quilômetros de zíperes, o suficiente para dar 56 voltas na Terra, além de garantir uma confortável fatia de 60% do mercado mundial. Na avaliação de Seiji Ishikawa, presidente da YKK do Brasil, o sucesso da companhia se deve a dois fatores. Um deles é a capacidade de incorporar novos segmentos à lista de clientes, ainda dominada por confecção, bolsas e calçados. ?O zíper é usado também em tanques de criação de peixe e na junção das placas de grama sintética de campos de futebol?, conta o executivo. Além disso, a YKK fabrica todas as máquinas que utiliza. Com isso, ela não precisa partilhar avanços tecnológicos com ninguém.
Para manter-se na frente, a YKK também reaplica boa parte dos ganhos. Nesse ano, vão ser investidos US$ 350 milhões. A China e o Brasil são as regiões prioritárias. No primeiro, onde eles já têm uma pequena base industrial, serão gastos US$ 100 milhões para fortalecer a presença e pegar carona no rápido crescimento das exportações de produtos têxteis para os Estados Unidos e a Europa. Por aqui, vão ser gastos módicos US$ 30 milhões até o final de 2008. Uma parte será empregada na construção da nova fábrica de cabeçotes (usados para abrir e fechar o zíper), ao lado da planta situada em Sorocaba (SP) ? a maior do continente e a primeira erguida pelo grupo no País, em 1975.
Com os investimentos, Ishikawa espera multiplicar por duas vezes e meia, para até 700 milhões, o número de itens produzidos anualmente. A quantidade vem acompanhada da qualidade. A linha atual permite fazer cabeçotes com 240 cores, enquanto a filial européia já trabalha com mil padrões cromáticos diferentes. Como o consumo doméstico segue estável na casa dos 500 milhões de peças por ano (do qual os japoneses dominam 60%, seguidos pela escocesa Coats Corrente com cerca de 20%) o excedente vai ser exportado para os demais países do continente. Apesar disso, o executivo não tem do que reclamar. O faturamento da filial subiu 10% para R$ 200 milhões. E a expectativa é repetir a dose neste ano. Noventa por cento desse valor vêm da venda de fecho ecler, enquanto o restante é gerado pelas divisões agrícola, de alumínio e de rochas ornamentais.
A YKK é um belo exemplo de empresa nascida da obstinação de um empreendedor nato. Balconista de um pequeno armarinho em Tóquio, Yoshida ?tirou a sorte grande? quando foi designado pelo patrão para ir aos Estados Unidos selecionar um lote de zíper para a ?lojinha?. No contato com os fabricantes ele pensou em montar uma pequena indústria em sua terra natal para garantir uma velhice confortável. Pegou empréstimo no banco IJB e foi a luta. Hoje, o que seria um pé-de-meia tornou-se um verdadeiro império, comandado pelos descendentes do visionário Yoshida.
US$ 30 milhões serão gastos para erguer uma nova fábrica no País
500 milhões de zíperes são vendidos a cada ano no Brasil
122 unidades produtivas garantem a força do grupo nipônico
36,5 mil funcionários trabalham nos escritórios e fábricas da YKK