A cena é incomum. O relógio crava 12h30 e na rua Sete de Abril, uma das mais movimentadas do centro de São Paulo, em plena hora do almoço, um restaurante do McDonald?s está vazio. Ao lado, centenas de pessoas se espremem numa discreta lanchonete conhecida como Tio Mega. O ambiente é simples, assim como o cardápio formado por sanduíches de hambúrguer, salgados, sucos, iogurtes. A diferença em relação às demais lanchonetes é o preço. Quase tudo no Tio Mega custa R$ 0,50. Com R$ 1,00 o consumidor compra um hambúrguer e um suco. Isso explica porque a loja da Sete de Abril recebe 7 mil pessoas por dia. Além dela, há Tio Megas em mais cinco endereços no centro de São Paulo. E não vai parar por aí. Já está em curso um projeto ambicioso de erguer mais 70 lojas até 2004.

Por trás da multiplicação dos ?pães? está o paulista Diógenes Galvão, 52 anos. Ex-banqueiro (era sócio do InvestBanco) e ex-consultor de petróleo ele é agora o rei dos centavos. O segredo para preços tão convidativos? ?Economia de escala?, responde o empresário. ?Tenho um giro muito grande de mercadorias, compro toneladas de produtos toda a semana e pago antecipado, o que me dá um boa margem de negociação com fornecedores?, resume. Só que poder de barganha é algo que outras redes também têm e nem por isso conseguem estes preços. ?Acontece que meu custos com instalações e pessoal não são tão altos, não tenho gastos com mídia e minha margem de lucro, de 4%, é inferior à de outras redes?, rebate Galvão. Ele já ouviu comentários jocosos de que usa o negócio para lavar dinheiro. ?A estes, costumo dizer que a higiene no Tio Mega é tão grande que até o dinheiro é limpinho.? Suas seis lojas recebem por mês 400 mil pessoas, que garantem um faturamento anual próximo dos R$ 6 milhões. O movimento é tão intenso que o empresário criou um ?megavale? de R$ 0,50 que os consumidores podem comprar no início do mês para se livrar de filas na boca do caixa. Galvão expandiu as atividades com recursos próprios e jura que jamais pisou em bancos para pedir empréstimo ? os anos de banqueiro e consultor e o apoio do irmão industrial foram suficientes para garantir o crescimento. Quando chegar às 70 lojas, ele pretende abrir o capital e lançar um sistema de franquias. ?Vou montar um império dos centavos ?, diz Galvão.