28/09/2005 - 7:00
Um imposto exclusivo dos ricos. Essa é a proposta que a Central Única dos Trabalhadores acaba de elaborar. O projeto quer taxar os brasileiros com patrimônio superior a R$ 2,4 milhões ? o equivalente a pouco mais de US$ 1 milhão. A idéia é que esses brasileiros contribuam ? uma única vez ? com 1,5% do seu patrimônio. Pelas contas da central sindical, esse novo imposto arrecadaria cerca de R$ 23,8 bilhões de 300 mil famílias brasileiras. O dinheiro seria usado para aumentar o salário mínimo. ?Esse fundo seria suficiente para garantir um aumento real de 8,9% no salário mínimo até 2012?, diz João Felício, presidente da CUT.
O novo imposto é inspirado numa iniciativa promovida no Reino Unido pelo primeiro-ministro Tony Blair. No primeiro ano de seu mandato, em 1997, Blair criou uma taxa única sobre as empresas privatizadas. A medida rendeu 5 bilhões de libras (correspondente hoje a R$ 20 bilhões) aos cofres britânicos, recursos que foram usados em programas de geração de emprego.
Por aqui, a criação de mais um imposto não é bem vista pelos especialistas. Na avaliação do economista Marcos Cintra, secretário de finanças de São Bernardo do Campo, professor da FGV-SP e autor da idéia do imposto único, esse tipo de tributação é considerado arcaico e ineficiente. ?Trata-se de um imposto de baixa produtividade, pois é difícil estimar o real valor do patrimônio e taxar de forma correta?, diz Cintra. Outro ponto negativo é a volatilidade do capital. ?No médio prazo, um imposto como esse gera fuga de capital, o que é um efeito bem mais negativo?, completa.