19/06/2018 - 18:14
O advogado Juliano Breda, defensor do ex-ministro Paulo Bernardo, disse na tarde desta terça-feira, 19, que a ação penal contra Paulo Bernardo e Gleisi Hoffmann, senadora e presidente do PT, exibe uma “fragilidade” de provas “flagrante”, durante julgamento na Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).
Para Breda, as várias versões de depoimentos prestados durante a investigação mostram a “improcedência” da acusação feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR). A Segunda Turma do STF iniciou nesta tarde o julgamento da ação penal contra Gleisi, Paulo Bernardo e o empresário Ernesto Kugler Rodrigues, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Eles são acusados pelo recebimento de propina de R$ 1 milhão para a campanha de Gleisi ao Senado, em 2010. O dinheiro teria origem no esquema de corrupção instalado na diretoria de abastecimento da Petrobras, e teria sido solicitado pelo ex-ministro ao então diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa.
“Nós estamos diante de um processo cuja improcedência da acusação deixa a todos nós estarrecidos, a fragilidade probatória construída ao longo desses últimos anos é flagrante. E mesmo assim há um pedido de condenação dos acusados”, disse o defensor de Paulo Bernardo.
Breda falou após o advogado de defesa de Gleisi, Rodrigo Mudrovitsch, reforçando os argumentos do colega de que as acusações contra o casal são contraditórias e construídas a partir de várias versões de depoimentos de delatores, que não devem ser consideradas como elementos de prova.
De acordo com a defesa, foram pelo menos cinco versões de depoimentos de Paulo Roberto Costa. “Depoimento de Paulo Roberto é frágil. O que não interessa a versão acusatória é prontamente desprezado pela procuradoria”, afirmou Breda. “Paulo Roberto ora vale para o Ministério Público, ora não vale. Não serve a palavra dele quando diz nunca tratou de recursos ilícitos com Paulo Bernardo”, continuou.
“Sangria”
Primeiro a falar, depois da leitura de relatório pelo ministro relator do caso, Edson Fachin, o subprocurador Carlos Vilhena afirmou que Gleisi deveria ter, por meio dos cargos ocupados, “estancado a sangria” nos caixas da estatal, mas se omitiu. “Enquanto parlamentar, líder do Partido dos Trabalhadores, do qual hoje é presidente, a senadora Gleisi Hoffmann podia, devia, ter estancado a sangria que ocorria na Petrobras”, observou Vilhena.
Segundo o subprocurador, depoimentos do ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, do doleiro Alberto Youssef, do acionista da UTC Engenharia Ricardo Pessoa, e do lobista Fernando Baiano “comprovam” o pagamento de R$ 1 milhão, repassados em quatro parcelas de dinheiro em espécie, a pedido de Paulo Bernardo.
A defesa do ex-ministro nega que Paulo Bernardo tenha pedido qualquer valor. Segunda Breda, os depoimentos de Roberto Costa e de Alberto Youssef, que seria responsável por repassar o dinheiro, não confirmam que os dois teriam recebido qualquer solicitação de propina por parte do ex-ministro.
Ao falar dos depoimentos, o defensor de Gleisi, Rodrigo Mudrovitsch, ainda disse que o processo mostra uma concessão “desarrazoada de imunidade” a delatores que “pode levar a abusos”.
“Nós temos um colaborador sem credibilidade, sem efetividade”, disse Mudrovitsch sobre Roberto Costa, destacando o arquivamento de processos que foram instaurados com base na delação premiada do ex-diretor da Petrobras.