15/08/2025 - 7:33
Pressionado pelo forte aumento da inadimplência, com destaque no segmento do agronegócio, o lucro líquido ajustado do Banco do Brasil ficou em R$ 3,784 bilhões no segundo trimestre deste ano, o que representou uma queda de 60,2% em 12 meses. Na comparação com o primeiro trimestre deste ano, o resultado registrou recuo de 48,7%.
As despesas com provisões para os chamados créditos de liquidação duvidosa somaram R$ 15,9 bilhões no segundo trimestre, com alta de 105% em relação a junho de 2024.
O BB fala em “continuidade da dinâmica agravada da carteira de agronegócios”, cuja inadimplência chegou a 3,49% – ante 3,04%, nos três primeiros meses deste ano, e 1,32% há um ano.
“Apesar do cenário positivo para a safra no Brasil em 2025, com uma colheita recorde, e elevado porcentual de garantias nessa carteira (do agro), há um estoque de operações que não foram pagas na safra 2024/2025, inclusive, por conta das recuperações judiciais no setor – que exigem maior provisionamento sob a nova regulação”, justificou o banco.
O agro passa por uma onda de recuperações judiciais após revés na safra de grãos passada.
Pelo balanço, divulgado na quinta-feira, 14, depois do fechamento do mercado financeiro, todas as linhas de financiamento operadas pelo BB registraram piora na inadimplência, considerando os contratos vencidos há mais de 90 dias.
No segmento de pessoa física, o índice de atrasos passou de 4,81%, em junho de 2024, para 5,59%; no de empresas, avançou de 3,38% para 4,18%.
O índice geral de inadimplência, que estava em 3% há um ano, agora ficou em 4,21%. Os dados do balanço indicam que R$ 15,84 bilhões em operações entraram em atraso no trimestre.
Nesse cenário, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês), outro indicador acompanhado por analistas de mercado, despencou de 21,6% para 8,4% em um ano.
Para efeito de comparação, o retorno registrado pelo Bradesco no segundo trimestre foi de 14,6%; no Itaú, chegou a 23,3%.
‘Ano de ajuste’
Para a presidente do BB, Tarciana Medeiros, 2025 será um ano “de ajuste para aceleração do crescimento”.
“Projetamos lucro (consolidado no ano) entre R$ 21 bilhões e R$ 25 bilhões e seguimos com investimentos estruturantes para geração de riqueza aos nossos acionistas, oferecendo a melhor experiência e soluções mais adequadas aos nossos clientes. Isso passa pelo relacionamento pautado pela proximidade, pelo uso intensivo de tecnologia e capacitação permanente dos nossos funcionários”, disse Tarciana.
A nova estimativa para o lucro final no ano considera o resultado acumulado no primeiro semestre – de R$ 11,158 bilhões, com queda de 40,7%. BB também reviu sua previsão para o avanço da carteira total de crédito em 2025: de uma variação entre 5,5% e 9,5% para de 3% a 6%.
Revisão do ‘payout’
Também na quinta-feira o Conselho de Administração do BB aprovou a revisão do “payout”(porcentagem do lucro distribuída na forma de proventos) para 2025, que agora está fixado em 30%. Antes, o patamar era de 40%.
Com a mudança, o banco considerou já ter pago integralmente os proventos referentes ao primeiro semestre de 2025.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.