Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a posição do Brasil no contexto econômico e de comércio exterior atual é relativamente confortável, mesmo considerando o tarifaço do presidente americano, Donald Trump.

+20% + 34% + 50%: entenda a taxação de 104% dos EUA sobre as importações da China

O Brasil num quadro geral, está bem. O Brasil não tem dívida externa, tem reservas cambiais, tem saldo comercial robusto, Brasil tá colhendo a super safra, crescendo mesmo com Selic de mais de 14%. Os graus de liberdade que as autoridades econômicas tem no Brasil não são comuns. Não é o caso de nenhum país latino-americano, por exemplo, nem o México”, disse Haddad, durante o Brazil Investment Forum, evento do Bradesco BBI, nesta terça-feira, 8.

Então sim, a resposta é que relativamente, nesse incêndio, estamos mais próximos da porta de saída do que os nossos pares”, completou.

O ministro ainda frisou o momento de incertezas e de que o Brasil deve manter uma postura ‘prudente’ perante o tarifaço de Trump, que tem ganhado escala nos últimos dias.

“A pior coisa que o Brasil pode fazer nesse momento é sair a campo sem a prudência que sempre tivemos”, declarou.

Segundo o ministro, o momento não é de dar respostas, mas de ‘tentar ver se a poeira baixa’.

Citando a posição que considera confortável do Brasil no contexto atual, Haddad disse que a compreensão é de que os produtos que entram na regra de tarifa mínima do governo americano – de 10% – poderão  ficar mais baratos frente aos concorrentes.

Solavanco é forte demais, diz Haddad

Sobre os movimentos recentes da política comercial dos EUA, Haddad reiterou que vê as atitudes como ‘bruscas’ e de que, em reuniões internas, Lula classificou a postura como ‘um cavalo de pau com um transatlântico’.

“Quando se faz um movimento brusco… o desarranjo que isso vai provocar nós ainda não temos condições de prever. É um solavanco forte demais para não ter consequências sobre produtividade e crescimento da economia”, disse Haddad.

‘Bate-bola entre governo e BC não foi bom’

Segundo o ministro da Fazenda, o ano de 2024 não ‘foi um bom ano de bate-bola’ entre o Banco Central (BC) e a pasta.

“Desde abril de 2024, daquela malfadada reunião em Washington da XP, as coisas deram uma desandada, e isso fez com que as expectativas do Brasil desancorassem. Temos que trabalhar, do ponto de vista psicológico, sobre as expectativas do Brasil”, disse.

‘Se tivéssemos desoneração da folha teríamos superávit’

Sobre a situação do crescimento da dívida pública e do resultado das contas públicas, Haddad disse que temas como a ‘tese do século’, o ‘galope dos precatórios’ e a desoneração da folha dos pagamentos barrou um superávit.

Além disso, citou que a tragédia do Rio Grande do Sul ‘consumiu R$ 40 bilhões’ e afetou o resultado primário.

Por fim, Haddad voltou a criticar o patamar de juros, citando que o Brasil precisa trazê-lo para o que considera um ‘patamar minimamente adequado’, citando que os juros reais superam os 9% atualmente.