19/02/2022 - 9:07
A mais de 50 quilômetros ao norte de Corfu, as equipes de resgate continuavam, neste sábado (19), em busca de doze passageiros desaparecidos há 24 horas no incêndio a bordo de um navio da empresa italiana Grimaldi.
A embarcação pegou fogo na madrugada de sexta-feira a caminho de Brindisi, na Itália, duas horas depois de deixar o porto grego de Igoumenitsa, com pelo menos 290 pessoas a bordo.
Uma investigação está em andamento, mas o fogo pode ter começado a partir de um caminhão estacionado no porão do navio, de acordo com várias declarações concordantes.
O porto da ilha grega de Corfu estava calmo esta manhã, observou a AFP. As 280 pessoas resgatadas no dia anterior passaram a noite em hotéis ou no hospital – para uma dúzia delas, com ferimentos leves ou dificuldades respiratórias.
Até onde a vista alcançava, no mar, dezenas de socorristas, mergulhadores e bombeiros ainda lutavam contra as chamas e a fumaça espessa que escapava do Euroferry Olympia, perto da ilhota de Erikoussa, entre a Grécia e a Albânia.
E, auxiliados por um helicóptero, uma fragata, seis rebocadores e uma embarcação de combate a incêndios, as equipes de resgate ainda tentavam encontrar doze caminhoneiros desaparecidos, segundo os bombeiros gregos.
– “Alguns pularam no mar” –
“Alguns de nossos amigos ainda estão desaparecidos, não sabemos onde estão”, disse um sobrevivente turco, Fahri Ozgen, abrigado em um hotel em Corfu.
Ele contou à AFP como no dia anterior, no convés do navio, “250 pessoas estavam gritando, algumas pularam no mar” para escapar do fogo ameaçador que sentiram “debaixo dos pés”.
Entre os desaparecidos há sete búlgaros, três gregos, um lituano e um turco, disse a guarda costeira grega à AFP.
Dois passageiros, um búlgaro e um afegão, que ficaram presos no porão, conseguiram ser evacuados do barco em chamas na sexta-feira depois de mais de dez horas expostos à fumaça, antes de serem hospitalizados, segundo a mesma fonte.
O cidadão búlgaro tem “saturação de oxigênio muito baixa e foi entubado”, disse a vice-ministra das Relações Exteriores da Bulgária, Velislava Petrova, em uma coletiva de imprensa na manhã deste sábado.
Vários caminhoneiros entrevistados na televisão grega ERT relataram que alguns preferiam dormir em seus caminhões em vez das cabines das balsas.
O sindicato dos caminhoneiros gregos denunciou, em junho de 2017, o mau funcionamento do ar condicionado nas cabines do Euroferry Olympia e do Euroferry Egnazia, dois navios da empresa Grimaldi, segundo o diário Kathimerini.
Em carta ao ministério grego da Marinha Mercante, citada pelo jornal, o sindicato também critica a má ventilação dos porões reservados aos veículos.
De acordo com a legislação internacional sobre navegação, o ferry colocado em serviço em 1995 foi submetido a uma visita de controle que “resultou num resultado positivo” em 16 de fevereiro em Igoumenitsa, especificou o grupo Grimaldi, em comunicado.
Além disso, dois dos sobreviventes, afegãos, não estavam na lista de passageiros, disse a guarda costeira à AFP. Sua presença aumenta o medo de outros imigrantes ilegais na balsa em chamas.
Por causa do desastre, outros sobreviventes estrangeiros encontram-se sem dinheiro ou documentos em Corfu. “Perdemos nosso dinheiro, nossos passaportes, todos os nossos documentos administrativos, nem tenho mais sapatos nos pés”, lamentou o motorista turco Ali Duran à AFP.
As ligações marítimas por ferry são frequentes entre os portos gregos de Igoumenitsa e Patras, a oeste, e os portos italianos no mar Adriático, Brindisi ou Ancona.