08/02/2019 - 11:08
O futebol brasileiro está de luto nesta sexta-feira (8) após a morte de dez adolescentes em um incêndio durante a madrugada no centro de treinamento do Flamengo.
Todos os mortos tinham entre 14 e 17 anos e integravam as categorias de base do clube carioca. Eles moravam no Ninho do Urubu, em Vargem Grande, zona oeste do Rio de Janeiro.
No momento, o Flamengo não identificou oficialmente os mortos, mas emitiu uma nota informando sobre o estado dos três jovens que ficaram feridos depois de conseguir escapar do fogo que invadiu os alojamentos.
O mais grave está internado com queimaduras em 30% do corpo, enquanto os outros dois se recuperam no hospital das lesões causadas por inalação de fumaça e escoriações.
O incêndio surpreendeu em plena madrugada os 26 adolescentes, a maioria vindo do interior do Brasil, que dormiam nas instalações que segundo os bombeiros foram “totalmente tomadas pelas chamas”.
“Essa é certamente a maior tragédia pela qual esse clube já passou nos últimos 123 anos”, lamentou o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, em entrevista coletiva no CT.
Dezenas de torcedores se reuniram na entrada do estabelecimento para orar e depositar flores em homenagem às vítimas.
A identificação de todos os corpos, que foram levados para o Instituto Médico Legal, “vai depender de testes de DNA e outras formas de reconhecimento”, explicou o vice-governador do estado Cláudio Castro, a jornalistas.
Um dos jogadores mortos, Christian Esmério, goleiro de 15 anos, era uma das maiores promessas acumulando convocações para a seleção brasileira e havia despertado o interesse de vários clubes europeus.
As causas do incêndio ainda estão sendo investigadas.
“Onde estava a segurança? Tinha alguém responsável pelo alojamento?”, se preguntava desesperado Sebastião Rodrigues, tio de um dos meninos mortos, em frente ao centro de treinamento. Isso poderia ter sido evitado. Faltou manutenção, faltou tudo”, lamentou em entrevista à AFPTV.
A prefeitura do Rio disse em um comunicado que o centro de treinamento “Ninho do Urubu”, onde o time principal também treina, tem sua licença válida até março. Mas a área atingida pelo incêndio não tem licença municipal para funcionar e está descrita como um estacionamento.
A prefeitura abriu um procedimento “para investigar responsabilidades”, acrescentou o comunicado.
Segundo os bombeiros, o estabelecimento estava em processo de “regularização” para obter o documento que certifica “o funcionamento dos dispositivos contra incêndio previstos por lei”.
No entanto, isso “não significa, por si só, que o local não tenha esses dispositivos”, disse a corporação.
Jornais indicaram que um curto-circuito no sistema de ar condicionado poderia ter ocorrido.
As instalações atingidas, que segundo os bombeiros foram “totalmente tomadas pelas chamas”, serviam de alojamento para adolescentes com entre 14 e 17 anos das categorias de base do clube.
O incêndio começou por volta das 5h00 e foi contido uma hora e meia depois.
Três adolescentes ficaram feridos, um deles gravemente, com queimaduras em mais de 30% do corpo, segundo declarou a secretária de Saúde do município do Rio de Janeiro, Beatriz Busch.
As instalações do Ninho do Urubu são usadas tanto pela equipe profissional quanto pelas categorias de base do clube, que contam com adolescentes de todas as regiões do país.
Dirigentes do clube, autoridades do governo e familiares se reuniam a portas fechadas no centro de treinamento.
Em frente à sede, a bandeira do Flamengo foi hasteada a meio mastro em sinal de luto.
O presidente Jair Bolsonaro expressou solidariedade às “jovens vidas que iniciavam sua caminhada rumo à realização de seus sonhos profissionais”, segundo comunicado do Palácio do Planalto.
O time principal do Flamengo tinha um treinamento agendado para o local às 9h30, o último coletivo antes do clássico contra o Fluminense para sábado.
A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ) lamentou a tragédia e convocou uma reunião com dirigentes dos clubes, em que decidiram o cancelamento do jogo, válido pela semifinal da Taça Guanabara.
A FERJ divulgou uma mensagem de solidariedade no Twitter e afirmou que “não há clima” para jogar.
“O Flamengo está de luto”, tuitou o clube, em meio a manifestações de solidariedade do mundo do esporte.
“Nossos pensamentos estão com as vítimas e seus parentes”, tuitou o Fluminense.
O atacante Vinícius Júnior, do Real Madrid e formado nas categorias de base do Flamengo, lamentou a tragédia.
“Que notícia triste! Oremos por todos! Força, força e força”, escreveu em sua conta oficial no Twitter.
“Só de lembrar as noites e dias que passei no CT, é de arrepiar. Ainda sem acreditar, mas em oração por todos! Que Deus abençoe a família de cada um!”, completou o jogador de 18 anos.
Seu clube atual, o Real Madrid, também lamentou a tragédia, expressando “solidariedade ao Flamengo, seus funcionários e ao futebol brasileiro”.
Pelé manifestou solidariedade em sua conta no Twitter. “Meu dia começou com as notícias sobre o incêndio no CT do Flamengo – um lugar onde jovens perseguem seus sonhos. É um dia muito triste para o futebol brasileiro”, disse o rei do futebol.
Neymar, atacante do Paris Saint-German, publicou no Instagram uma imagem do escudo do Flamengo sobre um fundo preto com a mensagem: “Meus sentimento”.
“Estamos em choque com o trágico incêndio no Ninho do Urubu”, afirmou o Corinthians em sua conta no Twitter.
“Hoje é um momento muito triste, não só para o Flamengo, mas para toda sociedade carioca. A gente precisa dar assistência às vítimas, principalmente porque a grande maioria desses familiares não são do Rio de Janeiro”, declarou o secretário de Esporte, Lazer e Juventude do estado do Rio, Felipe Bornier.