04/01/2020 - 13:35
Embora a alta de 0,5% na produção industrial em fevereiro ante janeiro tenha surpreendido positivamente, o movimento se deu sobre uma base depreciada, destacou André Macedo, gerente da Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O avanço na produção informado mais cedo pelo órgão superou as projeções dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast (de -1,70% a +0,30%).
Segundo Macedo, o desempenho positivo no início do ano, com altas na produção em janeiro (1,2%, revisão para cima ante o 0,9% inicialmente informado) e fevereiro (0,5%) não supera as quedas do fim do ano passado. Nos dois primeiros meses do ano, a produção acumulou alta de 1,6%, insuficiente para compensar a queda acumulada de 2,5% em novembro e dezembro. O saldo dos quatro meses é um recuo de 0,9%, disse Macedo.
“Novembro e dezembro foram bem marcados por uma desaceleração, marcada por concessões de férias coletivas, após uma produção maior de agosto a outubro, para atender datas do comércio, como a Black Friday”, afirmou Macedo. “Com a volta da produção, no início de 2020, há um aumento natural, mas insuficiente para suplantar a queda do fim de 2019”, completou o pesquisador.
O mesmo movimento entre o fim do ano passado e o início de 2020 foi visto na fabricação veículos automotores, reboques e carrocerias (2,7%) e na de outros produtos químicos (2,6%), atividades que tiveram a maior influência positiva na alta de 0,5% na produção industrial de janeiro.
Macedo chamou a atenção ainda para o fato de, apesar da alta frente janeiro, a produção industrial ter registrado queda de 0,4% ante fevereiro de 2019. No primeiro bimestre houve recuo de 0,6% ante igual período de 2019. Segundo o pesquisador, o desempenho abaixo do ano passado demonstra que a produção industrial não está consolidada numa “trajetória clara de recuperação”.
Além disso, o nível da produção industrial ficou, em fevereiro, 16,6% abaixo do pico, atingido maio de 2011.