16/01/2021 - 11:48
A Índia começa, neste sábado (16), a maior campanha de vacinação contra o coronavírus do planeta, uma tarefa colossal e complexa em um contexto de medo sobre a segurança da vacina, uma infraestrutura instável e o ceticismo público.
O segundo país mais populoso do mundo espera vacinar 300 milhões dos 1,3 bilhão de habitantes até julho, um número quase igual ao de toda a população dos Estados Unidos.
+ Pfizer garante limitação para uma semana dos atrasos na entrega de vacinas
+ Butantan e Fiocruz já apresentaram à Anvisa 100% dos documentos das vacinas
Profissionais da saúde, maiores de 50 anos e as pessoas consideradas de alto risco são os grupos prioritários para receber duas vacinas aprovadas, embora uma delas ainda não tenha completado os ensaios clínicos.
No primeiro dia, o plano é injetar a primeira de duas doses em 300.000 pessoas, entre elas o primeiro-ministro Narendra Modi.
As autoridades afirmam que as experiências em organizar eleições e campanhas de vacinação infantil da poliomelite e da tuberculose servirá para ajudar nesta enorme imunização em massa.
Cerca de 150.000 trabalhadores da saúde em 700 distritos foram treinados e realizaram vários testes para o transporte das vacinas.
Mas as dimensões do país e a pobreza, junto a redes muito deficientes de transporte e um dos sistemas de saúde com menos recursos, dificultam a tarefa.
A campanha de vacinação contra a covid-19 será um “enorme desafio”, diz Satyajit Rath do Instituto Nacional de Imunologia.
As duas vacinas aprovadas até agora devem ser mantidas no frio o tempo todo e outras que estão em desenvolvimento também deverão ser conservadas a temperaturas muito baixas.
Para isso, a Índia conta com cerca de 45.000 frigoríficos, 41.000 congeladores de altas temperaturas e 300 refrigeradores de energia solar.
Esses itens serão necessários principalmente quando começarem as altas temperaturas do verão indiano.
Mas nos recentes ensaios na rural Uttar Pradesh, um trabalhador foi visto carregando caixas de falsas vacinas em sua bicicleta.
Também preocupa os planos para administrar todo o processo mediante a aplicação desenvolvida pela Índia, CoWIN, da qual já há várias versões falsas e nem sempre as linhas telefônicas funcionam.
As autoridades também precisam se assegurar que a vacina não acabará no enorme mercado clandestino de medicamentos do país.
Mais de 150.000 pessoas morreram de covid-19 na Índia e a economia é uma das mais afetadas do mundo, com milhões de desempregados.
Os contágios caíram nos últimos meses, mas os especialistas não descartam uma nova onda devido às grandes congregações em massa nas recentes festividades religiosas.
burs-stu/reb/bfm/af/rsr/aa