01/08/2022 - 15:47
Homem de 22 anos testou positivo para a doença e havia voltado de viagem dos Emirados Árabes Unidos. É a quarta morte fora da África desde que começou o atual surto da doença, em abril.As autoridades sanitárias da Índia confirmaram nesta segunda-feira (01/08) a primeira morte relacionada à varíola dos macacos na Ásia.
Trata-se de um homem de 22 anos, residente no estado de Kerala, no sul da Índia, e com histórico recente de viagem aos Emirados Árabes Unidos. O paciente morreu no sábado.
“Enviamos amostras para o Instituto Nacional de Virologia em Alappuzha e os resultados dos testes deram positivo para varíola dos macacos”, disse a secretária estadual da Saúde de Kerala, Veena George, segundo o jornal Indian Express.
No entanto, embora o homem tenha testado positivo, ainda não está confirmado se a varíola dos macacos foi a causa da morte. De acordo com George, o paciente começou a ter espasmos e febre em 26 de julho. Ele foi internado e, dois dias depois, colocado em assistência respiratória.
“Em 30 de julho, as autoridades do hospital informaram ao Departamento de Saúde de que ele havia testado positivo em 19 de julho nos Emirados Árabes Unidos para varíola dos macacos”, acrescentou George, destacando que, segundo um “relatório preliminar”, parece se tratar de um caso de variante da África Ocidental.
Cerca de 20 contatos próximos ao paciente estão sendo monitorados, incluindo vários profissionais de saúde – nenhuma das 165 pessoas que viajaram no avião com ele estão nessa lista. Uma comissão foi formada para investigar o caso.
Até agora, a Índia registrou oficialmente pelo menos quatro casos de varíola dos macacos. O primeira foi em 15 de julho, também envolvendo um homem que havia estado nos Emirados Árabes Unidos.
A morte é a primeira no continente asiático relacionada à doença desde que o atual surto estourou, em abril. Na sexta-feira, o governo brasileiro informou a primeira morte fora da África. Horas depois, a Espanha relatou a primeira morte na Europa e, em seguida, um segundo óbito no país.
A vítima brasileira é um homem de 41 anos, residente em Minas Gerais, que estava em tratamento para outras doenças, incluindo um câncer.
Segundo dados do Ministério da Saúde, até o domingo, o Brasil havia registrado 1.342 casos de varíola dos macacos. Na terça-feira da semana passada, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou a situação da varíola dos macacos no Brasil como “muito preocupante”. De acordo com a OMS, possivelmente há uma subnotificação de casos devido a testes insuficientes.
Mais de 18 mil casos em todo mundo
O escritório europeu da OMS disse no sábado que mais mortes relacionadas à doença podem ser esperadas.
“Com a disseminação contínua da varíola na Europa, esperamos mais mortes”, alertou Catherine Smallwood, da OMS Europa, em comunicado. Segundo ela, o objetivo precisa ser “interromper a transmissão rapidamente na Europa e o atual surto”.
Paul Hunter, da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, destacou que, embora o risco de morte relacionado à varíola fora da África “permaneça baixo, essas notificações reforçam a necessidade de implantar a vacinação o mais rapidamente possível para os grupos de risco”.
Causada pelo vírus hMPXV (Human Monkeypox Virus, na sigla em inglês), a varíola dos macacos já foi confirmada em mais de 18 mil pacientes de 78 países fora da África. A doença foi declarada emergência de saúde pública de interesse internacional pela OMS em julho.
A varíola causada pelo vírus hMPXV provoca uma doença mais branda do que a varíola comum, que foi erradicada na década de 1980.
Trata-se de uma doença viral rara transmitida pelo contato próximo com uma pessoa infectada e com lesões de pele. O contato pode ser por abraço, beijo, massagens e, sobretudo, por relações sexuais. Não há tratamento específico, mas os quadros clínicos costumam ser leves, sendo necessários o cuidado e a observação das lesões.
A varíola dos macacos foi detectada pela primeira vez na década de 1970, na República Democrática do Congo, na época Zaire. Até abril de 2022, ela raramente era registrada fora de alguns países africanos, onde é endêmica e geralmente transmitida por mordidas de roedores e outros animais pequenos.
le/bl (Reuters, AFP, EFE, Agência Brasil, ots)