10/04/2002 - 7:00
?Sou o Indiana Jones dos negócios.? Assim se apresenta Solomon Kerzner, um ex-boxeador e ex-verdureiro sul-africano. A imagem de desbravador lhe cai perfeitamente bem. Com pouco dinheiro, e uma infinidade de sonhos, construiu um império de hotéis e cassinos ao redor do planeta. Mais do que isso: é dele o Sun City, o primeiro seis estrelas do mundo, encravado em plena savana africana. Anos depois, conseguiu recriar, com US$ 850 milhões, a mítica civilização Atlântida, num misto de resort de luxo e cassino, em uma ilha no Caribe. Sol (é assim que ele gosta de ser chamado) é o único homem de uma família de quatro filhos, imigrantes russos, nascido num subúrbio de Johannesburgo, na
África do Sul. Aos 67 anos, acumulou uma fortuna de
fazer inveja. Um dos homens mais ricos do continente africano, é dono de uma dezena de empreendimentos hoteleiros e acionista em empresas que vão de cervejarias a companhias de informática. Hoje, resta pouco ainda não realizado na vida deste homem, que vive com sua quarta mulher ? uma top model que tem metade de sua idade ? num iate, nas Bahamas.
Sua história começou com um sonho. Queria ser dono de hotel. Aos 25 anos, convenceu a família a pedir um financiamento para construir uma pousada em Durban. Surpreendentemente, formava-se ali a semente de um império hoteleiro. Sua influência política e fácil trânsito entre empresários lhe garantiram uma injeção de recursos para o mais audacioso de seus projetos: o Sun City, um complexo hoteleiro construído em 1992 na
África do Sul. Para montar o primeiro seis estrelas do planeta, ele não economizou. A ordem? ?Gaste o que for necessário?, dizia Sol. Ele contratou uma equipe de arquitetos para recriar a selva. Importou animais de todo o continente e investiu US$ 200 milhões na concretização do projeto. Era apenas a primeira demonstração de poder. Com as receitas do empreendimento, criou duas das mais importantes empresas de hotéis daquele país ? a Southern Sun Hotels e a Sun International Hotels. Juntas, as empresas operam dezenas de hotéis e cassinos no mundo. ?Não me interesso por criar hotéis, resorts ou cassinos. Quando construo algo, construo uma experiência de vida?, filosofa. E costuma ser. O ponto alto do gosto inventivo de Sol veio com a abertura do Atlantis, nas Bahamas. Comprou uma ilha inteira, nomeada de Paradise Island, e recheou-a de extravagâncias ? um templo maia em tamanho natural, piscinas infestadas de tubarões e o maior cassino do Caribe. Com diárias que batem os US$ 25 mil, recebe hóspedes como a cantora Whitney Houston, o ator Robert de Niro e o jogador de basquete Michael Jordan. A top Cindy Crawford celebrou seu casamento lá.
Teias de Sol. Sua fortuna pessoal é um mistério. É comum medir a riqueza de um executivo por suas ações em bolsas de valores. Kerzner tem 16% do Sun International Hotels (SIH), listado em Nova York. Somente nisso, o executivo teria uma fortuna estimada em US$ 185 milhões. Mas uma biografia não-autorizada de Sol afirma que o império do empreendedor não começa nem termina nos hotéis. ?Ele não é rico, é bilionário?, diz Allan Greenblo, em seu livro Kerzner Unauthorized. ?Os raios de Sol vão de frotas de carros e aviões a empresas próprias, participações em corporações e muito mais?, garante Greenblo. ?É impossível detectar a teia de fortuna.?
Entre uma viagem e outra, Sol afirma olhar oportunidades de negócio. Há meses, ele vem falando em outro megaprojeto: investir US$ 800 milhões em uma versão havaiana do Atlantis. Sol sabe que persistência é parte do sucesso. Nas Bahamas, tardou dez anos para conseguir a aprovação do cassino. Mas Sol pegou um hotel falido e o transformou numa máquina de fazer dinheiro.