03/02/2025 - 17:05
A indústria automotiva mexicana comemorou, nesta segunda-feira (3), a pausa de um mês nas tarifas de 25% que os Estados Unidos impuseram ao México, embora tenha sinalizado que a incerteza permanecerá nos próximos anos.
O setor teria sido um dos mais afetados caso os impostos alfandegários entrassem em vigor a partir de terça-feira, como estava previsto, segundo analistas.
A medida foi suspensa após a presidente do México, Claudia Sheinbaum, estabelecer o compromisso com seu contraparte americano, Donald Trump, nesta segunda-feira, de enviar 10.000 militares para a fronteira com os Estados Unidos para combater o tráfico de drogas.
“[Vemos isso] de forma muito positiva porque está sendo compreendida a importância que se tem para as economias dos três países, inclusive do mundo”, disse à AFP Francisco González, presidente-executivo da Indústria Nacional de Autopeças (INA), em referência a Canadá, EUA e México, parceiros do acordo comercial T-MEC.
Apesar disso, o executivo destacou que a incerteza no setor persistirá “nos próximos anos”.
“Já é um mundo que não tem as regras tão claras como antes, temos que nos acostumar a trabalhar dessa forma e também ser suficientemente flexíveis e inteligentes para ter as respostas certas no momento certo” explicou.
Trump impôs tarifas de 25% sobre México e Canadá, argumentando que estes países não estão fazendo o suficiente para impedir que migrantes sem documentos e drogas, especialmente o fentanil, entrem em seu país.
O setor automotivo exportou US$ 36 bilhões (R$ 174 bilhões, na cotação da época) para os Estados Unidos em 2023 e representa 5% do PIB do México, de acordo com a empresa britânica Capital Economics.
Somente o setor de autopeças emprega cerca de 480.000 pessoas no México.
A INA alertou que as tarifas levariam a um aumento de US$ 3.000 (quase R$ 18.000) no “preço médio dos carros” nos EUA, bem como a uma redução de um milhão de unidades vendidas até 2025.
González também afirmou que o setor está se preparando para a próxima revisão do T-MEC, programada para 2026.
“Temos que começar a negociar as novas tecnologias, a parte de conectividade, segurança cibernética, software. Isso envolve muito mais semicondutores, outros tipos de tecnologias, que não estão incluídos no T-MEC”, declarou.