19/10/2017 - 18:18
As contratações da indústria de transformação foram o grande destaque do resultado positivo do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) em setembro, disse nesta quinta-feira, 19, o coordenador-geral de Estatísticas do Trabalho, Mario Magalhães. “Não é algo conjuntural puxando os resultados, mas um movimento generalizado”, disse.
Segundo o Ministério do Trabalho, 10 dos 12 setores da indústria de transformação geraram vagas formais de emprego em setembro. Além disso, a atividade puxou o desempenho positivo do mercado em 18 unidades da federação.
A produção de alimentos foi a atividade que gerou mais empregos em setembro, com a abertura de 16.982 vagas no mês passado. Segundo Magalhães, o que mais puxou foi a produção de açúcar, abate de reses e sorvetes. “Acho que o Brasil inteiro está com calor”, brincou.
Na indústria química, foram abertos 3.914 novos postos, com destaque para a fabricação de plásticos e fertilizantes.
Já a agropecuária, que teve fechamento de vagas em setembro, o cultivo de café (principalmente em Minas Gerais) foi o principal impacto negativo, com fechamento de 12.526 postos. “A agropecuária não se retraiu, é uma atividade sazonal, agora influenciada pelo fim da colheita do café em Minas Gerais”, afirmou Magalhães. Ele ponderou que há outras culturas, como uva e laranja, que começam a puxar contratações no Nordeste.
Expectativas
O desempenho do emprego formal medido pelo Caged será mais forte em outubro e novembro, afirmou Magalhães. “A tendência é de geração de emprego mais expressiva em outubro e novembro”, disse. “Uma confirmação de que voltamos à normalidade (no mercado de trabalho), teremos mais para o fim do ano.”
Segundo o coordenador, não há dúvida que está em andamento um processo de consolidação dessa tendência. Porém, ressalvou, o mercado de trabalho “é uma caixinha de surpresas” e é impossível fazer previsão. “Em um ano normal, em que o crescimento da economia não seja pronunciado nem tenha crise, temos uma curva ascendente até novembro e, em dezembro, uma sazonalidade para baixo, que atribuímos ao ajuste das contratações temporárias.”
Ele não arriscou dizer se, apesar da queda esperada para dezembro, o saldo do ano ficará positivo. “Estamos com 208.000 acumulados no ano. Vamos esperar novembro para ver se isso é suficiente para resistir à queda sazonal de dezembro. Estamos todos torcendo para isso. Até agora, acho que há boa chance de que isso ocorra.”
Reforma trabalhista
A reforma trabalhista foi feita para gerar mais empregos, afirmou Magalhães. “Ela foi feita para isso”, disse. “Mas, do ponto de vista estritamente técnico, ninguém consegue fazer estimativa nesse sentido, porque não dá para prever quantas empresas vão optar por novas formas de contratação.”
Ele ressalvou que o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, tem previsões para os efeitos da reforma. “Onde ele viu a flexibilização ocorrer, teve geração de emprego”, disse.