A indústria brasileira mostrou recuperação no emprego e no número de unidades produtivas no segundo ano de pandemia, segundo dados da Pesquisa Industrial Anual (PIA) – Empresa e Produto de 2021, divulgados nesta quinta-feira, 29, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em 2021, o País tinha 325,8 mil unidades industriais com pelo menos uma pessoa ocupada, alta de 7,3% em relação a 2020, o equivalente a uma abertura de 22,3 mil empresas em apenas um ano. O resultado permanece abaixo do pico visto em 2013, quando o País tinha 335 mil indústrias, mas interrompe uma sequência de sete anos com fechamento de empresas industriais.

Houve melhora também no emprego: na passagem de 2020 para 2021, a indústria criou 407,7 mil vagas, sendo 11,6 mil delas nas indústrias extrativas e outras 396,1 mil nas indústrias de transformação. Os setores com maior aumento no número de contratações foram extração de petróleo e gás natural (27,5%), atividades de apoio à extração de minerais (14,9%) e manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (11,9%).

O emprego industrial encerrou 2021 com 446,4 mil vagas a mais do que 2019, no pré-pandemia. No entanto, o resultado ainda não superou os anos anteriores de enxugamento de postos de trabalho.

Em uma década, foram extintas 758,6 mil vagas na indústria como um todo, sendo 9,3 mil vagas a menos nas extrativas e 749,3 mil na transformação. Entre 2012 e 2021, o setor industrial perdeu 8,6% da força de trabalho, com mais da metade das demissões concentradas em três das cinco atividades que mais empregavam: confecção de artigos do vestuário e acessórios (-193,2 mil), fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (-110,8 mil) e fabricação de produtos de metal (-110,2 mil).

“Nesses 10 anos, destaca-se a perda de representatividade da indústria automotiva, que teve redução no emprego, porte médio, concentração e salários médios pagos. Considerando as unidades locais industriais, saiu da terceira para a sétima posição no ranking da indústria”, apontou o IBGE, lembrando que houve avanço, em contrapartida, nas indústrias extrativas, em especial na atividade de extração de minerais metálicos e extração de petróleo e gás natural.

No ano de 2021, a indústria brasileira ocupava 8,1 milhões de pessoas, com remuneração total de R$ 352,1 bilhões em salários. Foram gerados R$ 2,2 trilhões em valor de transformação industrial, 85,8% deles provenientes das indústrias de transformação.

O salário médio pago pela indústria aos trabalhadores subiu de 3,0 salários mínimos em 2020 para 3,1 salários mínimos em 2021. O salário médio nas indústrias extrativas aumentou de 4,7 salários mínimos para 5,1 salários mínimos no período, enquanto o das indústrias de transformação passou de 2,9 para 3,0.

Distribuição regional

A distribuição regional do valor de transformação industrial aponta que, em 2021, a Região Sudeste concentrou 58,9% do valor gerado pela indústria brasileira. A segunda posição no ranking foi ocupada pela Região Sul (18,0%), seguida pelas Regiões Nordeste (9,0%), Norte (8,1%) e Centro-Oeste (6,0%).

Em relação a 2020, primeiro ano de pandemia, houve aumento na participação do Sudeste (2,7 pontos porcentuais), enquanto as demais Grandes Regiões perderam espaço: Norte (1,3 pontos porcentuais), Sul (0,7 pontos porcentuais), Nordeste (0,4 pontos porcentuais) e Centro-Oeste (0,3 pontos porcentuais).

“Convergiu para esse resultado, em parte, a natureza e destino dos produtos industriais fabricados nessas localidades, como é o caso daqueles mais sujeitos a flutuações no mercado internacional de commodities, além da própria dinâmica de retomada e aquecimento da demanda interna”, justificou o IBGE.

Produtos industriais

Os dez principais produtos industriais brasileiros concentraram 22,4% da receita líquida de vendas em 2021, participação superior à de 20,9% vista em 2020.

O minério de ferro manteve-se como o produto de maior receita (R$ 242,1 bilhões) e participação (5,6%) na indústria brasileira, após ter ultrapassado os óleos brutos de petróleo, que agora ocupam a segunda colocação no ranking (com receita líquida de R$ 180,0 bilhões e participação de 4,1% no total).

“Dos produtos que mais ganharam posições, quatro são ligados à metalurgia, o que demonstra o avanço dessa atividade industrial. Os produtos da metalurgia estão muito atrelados aos preços internacionais, que tiveram alta em 2021. Com isso, no mercado interno, outras atividades tiveram seus custos aumentados por causa do preço do aço. Houve um efeito em cadeia”, explicou Synthia Santana, gerente de análise estrutural do IBGE, em nota oficial.

As atividades com maior participação na receita líquida de vendas da indústria foram: produtos alimentícios (16,9%), produtos químicos (10,8%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (9,8%), metalurgia (8,5%), veículos automotores, reboques e carrocerias (8,0%), extração de minerais metálicos (7,0%), extração de petróleo e gás natural (4,7%), máquinas e equipamentos (4,5%), produtos de borracha e de material plástico (3,7%) e celulose, papel e produtos de papel (3,2%).