A indústria náutica brasileira vem navegando no embalo da retomada da economia após a pandemia. E a Azimut Yatchs tem tirado proveito da situação para ampliar a hegemonia no mercado mundial. Já são quase 25 anos na liderança entre os maiores fabricantes de iates de luxo no planeta, segundo o Global Order Book, guia anual especializado. Entre os apaixonados pela marca estão estrelas do gabarito do jogador Cristiano Ronaldo, dono de um Azimut Grande 27 Metri, avaliado em R$ 55 milhões. Mas o modelo também caiu no gosto dos clientes brasileiros e, até meados do ano passado, 12 unidades haviam sido comercializadas em território nacional.

O Brasil tem desempenhado papel fundamental nos negócios do estaleiro italiano. O País registrou faturamento recorde no último ano náutico, de 1º de setembro de 2022 a 31 de agosto do ano passado, além de ter ampliado o número de entregas. A receita chegou a R$ 500 milhões com a produção de 42 embarcações. “Para 2024 a previsão é faturar R$ 550 milhões e entregar 47 barcos”, afirmou o CEO da Azimut Yachts Brasil, Francesco Caputo.

O CEO Francesco Caputo prevê a entrega de 47 embarcações este ano, com faturamento de R$ 550 milhões (Crédito:Claudio Gatti)

A estimativa do executivo italiano está baseada nas estatísticas. O segmento de embarcação recreativa, que abrange lancha, veleiro, iate e jet-ski, prevê um forte crescimento no Brasil até 2025. A produção deverá chegar a 8,6 mil unidades, quase o dobro de 2019, de acordo com as projeções da Associação Brasileira de Construtores de Barcos e seus Implementos (Acobar) e da TCP Partners, boutique de investimentos e gestão. Um segmento que movimentou R$ 2,5 bilhões em 2022, montante 25% maior do que em 2021. Os números referentes a 2023 ainda não foram divulgados.

O Brasil é o único país a ter uma fábrica da Azimut fora da Itália, o que ressalta a importância do mercado nacional. “A Azimut construiu uma relação com os consumidores brasileiros”, afirmou o CEO. A planta em Itajaí (SC) tem 600 funcionários, número que supera os 2 mil se levado em conta o total de fornecedores e colaboradores indiretos.

Segundo Caputo, existem pouquíssimos fabricantes de iates com a quantidade de mão de obra que a Azimut emprega no País. E qualidade também. O motivo? Simples. “O barco é feito a mão, uma das poucas coisas ainda construídas assim.”

Com o mercado aquecido, as previsões são extremamente positivas para a operação brasileira. “Estamos pensando inclusive em liberar uma parte importante dos novos aportes para melhorar a nossa capacidade produtiva, a nossa eficiência, e continuar investindo em qualidade”, afirmou, sem revelar o valor que poderá ser destinado a esse fim.

Iates produzidos pelo estaleiro italiano agregam luxo, design e alto estilo nas áreas internas e externas (Crédito:Rafael Ribeiro)
(Acioni Cassaniga Fotografias)

Na visão de Caputo, a pandemia deu grande impulso ao consumo de bens de luxo, inclusive embarcações. O portfólio da marca no Brasil inclui barcos de 51 pés a 100 pés. E, além do iate do craque português, outra estrela do catálogo é o 62. Um dos mais luxuosos e de maior sucesso entre o público brasileiro, ele está avaliado em R$ 16 milhões. O modelo pertence à linha Flybridge Collection, tem capacidade para até seis pessoas dormirem a bordo, além de espaço para mais dois tripulantes. São duas suítes, um camarote de hóspedes com duas camas de solteiro, três banheiros, todos com acabamento requintado.

O Atlantis 51 é outra atração da Azimut. Com estilo esportivo, tem motorização de popa e hard top (espécie de teto solar) com acionamento elétrico. Além do desempenho, a embarcação esbanja conforto, design e alto padrão nas cabines e nos demais ambientes internos e externos.

O preço faz jus à categoria: R$ 8,3 milhões. “A gama de produtos disponibilizados aos consumidores torna mais completa a história da bandeira no Brasil”, disse o italiano, ao destacar também os investimentos realizados no estaleiro catarinense e os produtos lançados. “Nosso crescimento no País nos últimos dez anos foi constante, mas nos últimos três com certeza houve uma aceleração muito importante.”

 

O grupo Azimut Benetti possui cinco fábricas e a planta brasileira é equipada para produzir os modelos mais sofisticados do estaleiro. É o caso da 51, uma embarcação montada no Brasil, mas que tem 90% das unidades exportadas. “É a mesma história da 62, versão construída exclusivamente no Brasil e exportada para o mundo”, disse Caputo.

Apesar da vocação da planta de Itajaí para ser um fornecedor global, a produção local da empresa tem como principais clientes moradores de São Paulo, Paraná e de Santa Catarina. Segundo o executivo, a preferência do público de renda elevada pela marca se deve ao fato de a Azimut “oferecer uma experiência de altíssimo nível, proporcionando conforto sempre maior.” Ainda que para poucos.