O Banco Indusval & Partners anunciou nesta quarta-feira, 13, aumento de capital de R$ 80 milhões para fazer frente ao prejuízo registrado no segundo trimestre, após provisões de R$ 210 milhões feitas para cobrir perdas com a Ceagro, comercializadora de soja e milho. A Ceagro deixou de honrar compromissos com credores em maio e está em discussões com um grupo de bancos, entre eles o Indusval, para reestruturar suas dívidas.

Jair Ribeiro, presidente do BI&P, disse com exclusividade ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, que o aumento de capital possibilitará ao banco operar nos próximos trimestre com maior conforto e negociar com mais tranquilidade com a Ceagro. “Fizemos o aumento para mostrar compromisso aos acionistas e optamos por provisão mais arrojada para podermos negociar com calma a recuperação dos nossos créditos, sem pressão de tempo”, afirmou. Segundo ele, a provisão superou o que o banco entende que irá incorrer em perdas com a Ceagro.

O presidente do Conselho, Manoel Cintra, acrescentou que “a Ceagro é um fato isolado, pontual, que resolvemos enfrentar em uma única tacada com o aumento de capital”. De acordo com Ribeiro, com o aumento de capital de R$ 80 milhões proposto e a redução da carteira de crédito para o patamar de R$ 2,3 bilhões, o patrimônio líquido deve se recuperar para R$ 620 milhões e o índice de Basileia ficar acima de 17%.

Ribeiro não revelou qual era a exposição com a Ceagro. Mas fontes próximas à empresa disseram que a dívida da Ceagro com sete bancos soma US$ 140 milhões (R$ 470 milhões) e as instituições teriam exposição praticamente equivalente. Os bancos são BTG Pactual, Votorantim, Itaú, Indusval, ABN Amro, Santander e o Credit Suisse. A quase totalidade dessas dívidas corresponde a Adiantamento de Contratos de Câmbio (ACC), linha de crédito à exportação.

O Indusval teria ainda, de acordo com as fontes, um montante de cerca de R$ 60 milhões a receber em Cédulas de Produto Rural, títulos que financiavam produtores da Ceagro, que estariam em aberto. As CPRs são emitidas em favor dos produtores e liquidadas com a entrega física ou financeira. O Indusval e a Ceagro possuíam desde 2012 uma joint venture, a Ceagro C&BI Agro Partners, onde cada um tinha uma participação de 50%. Ribeiro confirmou que a joint venture foi desfeita, como havia antecipado o Broadcast.

O aumento de capital mais recente feito pelo banco foi em março de 2013, no montante de R$ 90 milhões, subscrito pela Warburg Pincus, acionistas controladores e pelo mercado. O atual aumento está sendo garantido pelos controladores.

Resultado

O BI&P fechou o segundo trimestre com prejuízo líquido de R$ 134,7 milhões, depois de lucro de R$ 1,1 milhão no mesmo intervalo de 2014 e de prejuízo de R$ 6,7 milhões no primeiro trimestre.

O resultado reflete provisões para devedores duvidosos gerencial (PDD) de R$ 211,5 milhões, das quais R$ 210 milhões referem-se a provisões adicionais feitas para cobrir perdas com a exposição da Ceagro, comercializadora de soja e milho, que deixou de honrar seus compromissos. Excluindo a provisão para a Ceagro, o banco diz que a despesa teria ficado em R$ 1,5 milhão.

O patrimônio líquido do Indusval recuou 20% em doze meses, para R$ 538,2 milhões no segundo trimestre. O retorno sobre o patrimônio líquido ficou negativo em 63,5%, de 0,6% positivo no segundo trimestre do ano passado.

O índice de Basileia caiu para 12,4% no segundo trimestre deste ano, de 13,3% no segundo trimestre do ano passado.

A carteira de crédito expandida caiu 22,7% no comparativo anual, para R$ 3,029 bilhões. O banco diz, no release de resultado, que essa carteira já se encontra reduzida, dentro de nova estratégia de adequação ao cenário desafiador, para R$ 2,7 bilhões em 11 de agosto. O banco informa ainda que pretende diminuir essa carteira para R$ 2,3 bilhões nos próximos meses. O índice de inadimplência acima de 90 dias em relação a carteira de credito subiu de 1,8% para 2%.