12/11/2022 - 4:40
Uma britânica chamada Alison Winterburn passou por uma experiência bizarra há 10 anos em decorrência de uma infecção viral no cérebro: ela se olhou no espelho e não reconheceu a mulher mais velha que estava refletida. Na cabeça dela, estava vivendo na década de 1970 e era uma adolescente. Horrorizada com o reflexo, Alison aplicou um pouco de maquiagem e voltou a se olhar. Como a imagem não mudou, ela procurou atrás do espelho, convencida de que havia outra mulher no quarto com ela.
Como mostra o jornal britânico Manchester Evening Today, o caso aconteceu em 2012 com a moradora de Wilmslow, no condado de Cheshire, no Reino Unido, que tinha 51 anos na época. Mãe de dois filhos, Alison Winterburn estava sofrendo os efeitos devastadores de uma infecção cerebral que a deixou confusa sobre quem era e onde vivia.
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“Fiquei muito chocada ao ver uma senhora de meia-idade olhando para mim e não para a jovem que eu imaginava ser. Durante muito tempo eu não permitia que meu marido comprasse o jornal porque estava horrorizada com os altos preços. Eu não conseguia compreender o salto no tempo entre a época em que pensava que estava vivendo e minha realidade do século XXI. Adquiri o bordão: ‘Quanto é?!’”, conta a britânica ao jornal.
A doença se abateu sobre ela de forma inesperada em outubro de 2012. A família foi quem notou que Alison estava dizendo palavras aleatórias e não mantinha contato visual.
Alarmado com o comportamento estranho da esposa, o marido dela, Ray, decidiu levá-la ao pronto-socorro. O casal foi atendido por um médico neurologista que reconheceu os sintomas imediatamente. De acordo com o Manchester Evening Today, a britânica sofria de encefalite viral, uma inflamação no cérebro causada por vírus.
Agora com 61 anos, Alison Winterburn conta que recebeu medicação antiviral para aliviar o inchaço no cérebro. Infelizmente, apesar do rápido atendimento hospitalar, ela ficou com sequelas graves no lobo frontal, causando uma lesão que mudaria para sempre a vida dela.
“Eu me senti grogue e tonta por semanas”, diz Alison, que é psicóloga e professora na Escola de Gramática para Garotas em Altrincham (Altrincham Girls Grammar School). “Quando voltei para casa depois de passar três semanas na Enfermaria Real de Manchester, a coisa mais assustadora foi que minha lesão cerebral causou perda extrema de memória de curto e longo prazo. Eu realmente acreditava que ainda estava na década de 1970. Essa confusão chata durou várias semanas. Gradualmente, minha memória de curto prazo melhorou e, com o apoio contínuo de minha família, lentamente cheguei a um acordo com o verdadeiro ‘eu’ de meia-idade, casado e com filhos”, explica a britânica ao site.
As sequelas da doença a afastaram do trabalho, o que a deixou decepcionada. “Fiquei arrasada, mas acabei aceitando minhas novas limitações e me aposentei do cargo de professora. O maior problema que enfrento até hoje é não saber onde estou. É como se você não fosse a mesma pessoa que era antes. Eu e meu marido saímos de férias há alguns anos antes do confinamento [da pandemia de covid-19] e não me lembro bem disso”, completa Alison.