15/07/2025 - 9:56
A alta os preços ao consumidor dos Estados Unidos acelerou em junho, provavelmente marcando o início de um aumento da inflação induzido por tarifas que mantém o Federal Reserve cauteloso quanto à retomada de seus cortes na taxa de juros.
O índice de preços ao consumidor subiu 0,3% no mês passado, depois de ter avançado 0,1% em maio, informou o Departamento do Trabalho nesta terça-feira. Esse foi o maior avanço desde janeiro. Nos 12 meses até junho, o índice tem alta de 2,7%, depois de subir 2,4% em maio, o que economistas consideram uma evidência de que as tarifas de Trump estão sendo repassadas aos consumidores.
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Economistas ouvidos pela Reuters previam altas de 0,3% na base mensal e de 2,6% na anual.
As leituras da inflação foram baixas de fevereiro a maio, o que levou o presidente Donald Trump a exigir que o banco central dos EUA diminuísse os custos dos empréstimos. Economistas disseram que a inflação demorou a reagir às taxas de importação anunciadas por Trump em abril porque as empresas ainda estavam vendendo o estoque acumulado antes da entrada em vigor das tarifas.
Na semana passada, Trump anunciou que tarifas mais altas entrarão em vigor em 1º de agosto para importações de diversos países, incluindo México, Japão, Canadá e Brasil, além da União Europeia, a partir de 1º de agosto.
Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, o índice de preços ao consumidor aumentou 0,2% em junho, depois de ter subido 0,1% no mês anterior. Nos 12 meses até junho, o núcleo do índice teve alta de 2,9%, depois de subir 2,8% por três meses consecutivos.
No entanto, os fortes aumentos de preços de bens podem ser compensados por aumentos moderados nos custos de serviços e aliviar as preocupações de um aumento generalizado das pressões inflacionárias. A demanda fraca limitou os aumentos de preços de categorias relacionadas a serviços, como tarifas aéreas e quartos de hotéis.
Temores do Fed
O Fed acompanha diferentes medidas de inflação para atingir sua meta de 2%. O banco central deve deixar sua taxa de juros de referência na faixa de 4,25% a 4,50% na reunião de política monetária deste mês. A ata da reunião de 17 e 18 de junho do banco central, publicada na semana passada, mostrou que apenas “algumas” autoridades disseram que achavam que os juros poderiam cair já na reunião de 29 e 30 de julho.
Economistas – e as autoridades do Fed – afirmam que esperam que a inflação acelere neste ano, à medida que o impacto defasado das tarifas seja repassado pelas empresas, e os dados de junho sugerem que o Fed pode continuar relutante em cortar a taxa de juros até que haja mais informações.
“O relatório de hoje mostrou que as tarifas estão começando a ser cobradas”, disse Omair Sharif, chefe da Inflation Insights. “Os preços de vestuário subiram, os preços de móveis domésticos saltaram.”
É provável que o Fed continue cauteloso, conforme tem enfrentado críticas quase diárias de Trump por não cortar os juros, uma medida que o banco central tem relutado em tomar até que esteja claro onde as tarifas deixarão a economia dos EUA.
O governo Trump argumenta que, ao longo do tempo, suas propostas tarifárias impulsionarão o crescimento econômico e manterão a inflação moderada, e que os juros devem ser reduzidos nesse meio tempo.
Os investidores ainda esperam que o Fed corte os juros em 0,25 ponto percentual em setembro da atual faixa de 4,25% a 4,5%, mantida desde dezembro, mas as chances de um corte na próxima reunião de 29 e 30 de julho estão agora abaixo de 5%.