10/12/2024 - 10:56
A alta dos preços desacelerou no Brasil em novembro mas os alimentos seguiram impactando a inflação, levando a taxa acumulada em 12 meses para ainda mais acima do teto da meta e pressionando o Banco Central antes da última reunião de política monetária no ano.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu em novembro 0,39%, após alta de 0,56% em outubro, contra expectativa em pesquisa da Reuters de 0,37% para o mês. Já a taxa acumulada em 12 meses até novembro acelerou a uma alta de 4,87%, de 4,76% no mês anterior, maior nível desde setembro de 2023 (5,19%).
Com apenas mais um mês para encerrar o ano, o resultado do IPCA foi ainda mais acima do teto da meta, de 3% com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
Com o mercado de trabalho aquecido e a renda em alta, a inflação de serviços também é fonte de preocupação. Em novembro, a inflação do setor chegou a 0,83%, acelerando com força ante a taxa de 0,35% no mês anterior, acumulando em 12 meses alta de 4,71%.
O índice de difusão, que mostra o espalhamento das variações de preços, teve em novembro queda a 58%, de 62% em outubro.
É com esses dados em mãos que o Banco Central volta a se reunir nesta terça e quarta-feiras para decidir sobre a taxa básica de juros Selic, depois de ter acelerado o ritmo de aperto para 0,50 ponto percentual em sua reunião de novembro, levando-a a 11,25% ao ano.
Crescem apostas de alta de 1 ponto na Selic
A mais recente pesquisa Focus realizada pelo BC com especialistas mostra que a expectativa é de uma alta de 0,75 ponto percentual na Selic na quarta, levando a taxa a terminar este ano em 2,0%, com a inflação em 4,84%.
Os dados indicam que o resultado do IPCA em 12 meses em dezembro ficará fora da faixa visada, e por isso o presidente do BC terá que escrever uma carta informando os motivos do estouro.
“Para a reunião do Copom desta semana, mantemos a nossa estimativa de alta na taxa de juros de 0,75 ponto percentual. Mas, após a deterioração das expectativas de inflação, apresentadas no último Boletim Focus, e um IPCA ruim, a probabilidade de alta de 1 ponto aumentou”, alertou Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.
Operadores do mercado de juros precificam nesta sessão 76% de chances de uma alta de 1 ponto quando o BC anunciar sua decisão, com 24% de chance de um aumento de 0,75 ponto
“Olhando a média de 3 meses anualizada, é perceptível a piora na qualidade da inflação, com a média dos núcleos rodando em torno de 4,3% e os serviços subjacentes saltando para 6,3%”, avalia Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos. “A piora cambial e a ampliação na desancoragem das expectativas deve levar a uma alta de 1 ponto percentual na Selic amanhã e a um tom hawkish do BC no comunicado”.