14/11/2023 - 11:30
Segundo o último Boletim Focus do Banco Central (BC), divulgado na segunda-feira, 13, a expectativa para a inflação oficial ao final de 2023 passou de 4,63% para 4,59%. Um mês antes, a mediana era de 4,75%. Para 2024, foco principal da autoridade monetária, a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) oscilou de 3,91% para 3,92%. Com esse possível cenário de inflação controlada, onde estão, então, as boas oportunidades de investimento?
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“Os dados desta segunda mostram claramente que os núcleos de inflação estão extremamente controlados, com os dados vindos abaixo do previsto”, afirma o economista Volnei Eyng, CEO da Multiplike, para quem, diante desse cenário, o investidor deve se ater às empresas que são beneficiadas quando os juros caem.
Isso porque, segundo ele, o BC tem conseguido direcionar a inflação do país para próximo da meta e já reduziu a Selic, que é a taxa básica de juros da economia, para 12,25% ao ano ante os 12,75% de outubro.
“Para dezembro, tudo indica que haverá novo corte de 0,5 p.p. nos juros”, lembra o executivo.
“O investidor que procura oportunidades deve checar o Ebitda das companhias [lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização], pois este, neste ambiente citado, se torna um bom indicador. Ou seja, empresas de varejo e empresas de bens de produção que vendem a prazo podem surpreender”, orienta.
Ainda de acordo com o economista, o Boletim Focus também mostra um Produto Interno Bruto (PIB) interessante para 2024 e 2025 e, em relação à meta fiscal do governo, afirma que o mercado já precificou a intenção do governo. Desta forma, avalia que dificilmente o Poder Público irá “assustar” a economia ao ponto de estes indicadores do Focus sofrerem modificações muito acentuadas.
Outras oportunidades de investimento
Felipe Spritzer, especialista em investimentos, fundador e CEO da Portfel, empresa de consultoria de investimentos do Grupo Primo, vai na mesma linha de seu colega da Multiplike, e vê o cenário econômico, principalmente no quesito inflacionário, mais equilibrado. Ele lembra, contudo, que não há como prever até quando esse cenário perdurará.
“Não há como sabermos até quando a inflação seguirá sob controle no Brasil, fazendo com que o mais correto seja se prevenir para não arcar com uma perda do poder de compra. Embora isso possa soar complicado, há diversas maneiras de atingir esse objetivo”, comenta.
Quanto às indicações de boas oportunidades de investimento considerando o controle da inflação, Spritzer indica, por exemplo, aplicações em produtos simples como o Tesouro IPCA+. Considerando a data de segunda-feira, 13 de novembro de 2023, se o investidor aportar a partir de R$ 30 neste produto, receberá a correção inflacionária acrescida de 5,74% ao ano, com resgate em 2029.
“Essa é uma opção muito eficiente, pois protegerá seu dinheiro com garantia de ganho real”, diz.
Outra dica do especialista é investir em fundos que repliquem um índice de mercado focado em proteger o investidor da alta de preços, caso ela venha a acontecer. Esse é o caso dos fundos ou ETFs (fundos listados em bolsa) que replicam o índice IMA-B5, que, segundo Spritzer, é basicamente uma carteira de títulos Tesouro IPCA+ com duração de até cinco anos.
“Nesse caso, você não precisará se preocupar em comprar novos títulos do tesouro, pois o próprio fundo continuará investindo conforme o tempo passa. Além disso, por ter uma oscilação bem menor do que um título com vencimento em 2029 (ou mais), ele se torna uma opção atraente mesmo para o médio prazo (horizonte de um a dois anos)”, salienta.
Outra forma interessante de se proteger de investir considerando a inflação atual, de acordo com o especialista, é com um fundo de debêntures incentivadas. Esses fundos irão realizar empréstimos para empresas que realizam projetos de infraestrutura, como estradas ou hidrelétricas, e por isso não pagam imposto de renda, além de terem sua remuneração atrelada a inflação.
Para investidores mais conservadores ou novatos, Spritzer indica produtos que rendam algo como 100% do CDI, o que tende a proteger o patrimônio da inflação, caso ela venha a sair de controle.
“Nossas pesquisas mostram que uma aplicação feita no CDI, em cada ano desde 1995, com encerramento em 2022, teria superado a inflação e entregado um ganho real. Isso acontece porque o principal instrumento que os Bancos Centrais possuem para combater a alta de preços é a subida de juros, que acaba sendo capturada pelo CDI”, explica.
Logo, conforme a inflação sobe, e os juros sobem para freá-la, o investidor consegue proteger seu poder de compra por meio desse ativo financeiro.
Por fim, o que não é indicado a nenhum investidor ou pessoa física com conta em banco é deixar o seu recurso financeiro alocado em “poupanças”. Atualmente, a modalidade rende 0,5% ao mês, acrescido de uma pequena taxa calculada pelo Banco Central.
“Nossos estudos mostram que desde que a nova regra da caderneta foi implementada, em 2012, ela perdeu para a inflação em praticamente todos os períodos acumulados até 2022. Para 2023, o resultado não deve ser diferente”, complementa o especialista.
Confira as projeções do último Boletim Focus
- IPCA/23: de 4,63% para 4,59%
- IPCA/24: de 3,91% para 3,92%
- IPCA/25: permanece em 3,50%
- PIB/23: permanece em 2,89%
- PIB/24: permanece em 1,50%
- PIB/25: de 1,90% para 1,93%
- Câmbio/23: permanece em R$ 5,00
- Câmbio/24: de R$ 5,05 para R$ 5,08
- Câmbio/25: de R$ 5,10 para R$ 5,11
- Selic/23: permanece em 11,75%
- Selic/24: permanece em 9,25%
- Selic/25: permanece em 8,75%