Com projeção acima do esperado, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do mês de abril teve alta de 0,61%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta sexta-feira (12).

Vale lembrar que houve alta no acumulado do ano – o índice apontou 2,72%. Entre os grupos pesquisados, o destaque foi para o setor de Saúde, com alta de 1,49% no mês.

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Apesar de desacelerar, – no último mês, a alta foi de 0,71%  – o economista e professor do IBMEC RJ, Gilberto Braga, afirma que índice ainda é preocupante. Confira os principais pontos sobre o movimento do índice abaixo:

  • O que o resultado do IPCA de abril representa na prática?

Apesar do índice estar caindo, ele ainda preocupante. A expectativa predominante do mercado era de um IPCA de abril menor, entre 0,55 e 0,6% e veio 0,69. Isso reforça a crença de que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve demorar para baixar os juros.

  • A inflação pode voltar a crescer? Por quê?

A inflação mensal tende a ser menor, mas o efeito agregado não. Isso se explica porque, no segundo semestre do ano passado, tivemos deflação, com IPCAs negativos em razão da desoneração tributária dos combustíveis.

Assim, no IPCA acumulado, haverá a troca de um índice negativo por um positivo. Se o cidadão tem um plano de telefonia celular, por exemplo, com aniversário em outubro, vai sofrer o aumento acumulado da inflação de 12 meses com esse efeito. Assim a inflação cai, mas a sua interferência nos preços contratuais vai se suavizando lentamente.

  • Muito se tem falado que o Brasil não tem mais inflação de demanda. O que seria isso e o que podemos afirmar diante desse resultado?

Inflação de demanda ocorre quando os preços sobrem porque há muita procura e a oferta não é suficiente para atender a essa expectativa. A inflação atual não tem predominância de pressão de demanda, mas de questões de estruturais e de insuficiência de oferta.

Veja-se que os medicamentos e planos de saúde, os dois vilões da inflação de abril, sofreram reajustes administrados decorrentes de regras contratuais. Ou seja, os remédios aumentaram porque abril é data de aniversário anual do reajuste que é basicamente decorrente da inflação dos 12 meses passados. Os planos de saúde aumentaram com base na inflação e aumento da sinistralidade técnica.