O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, ficou em 0,24% em junho, levemente abaixo da taxa de 0,26% registrada em maio, informou nesta quinta-feira, 10, o IBGE

Em 12 meses, o IPCA teve uma leve aceleração, subindo para 5,35%, acima dos 5,32% dos 12 meses imediatamente anteriores, estourando o teto da meta que era de 4,5%.

O resultado veio acima do esperado. Pesquisa da Reuters apontou que a expectativa de analistas era de alta de 0,20 por cento em junho, acumulando em 12 meses alta de 5,32 por cento.

Energia elétrica foi a vilã do mês

Segundo o IBGE, o resultado mensal foi influenciado, principalmente, pela energia elétrica residencial, que, com a vigência da bandeira tarifária vermelha patamar 1, registrou aumento de 2,96% no mês, sendo o subitem de maior impacto individual no índice: 0,12 ponto percentual, respondendo por quase metade do IPCA de junho.

“Com alta de 6,93% no primeiro semestre do ano, a energia elétrica residencial tem pesado no bolso das famílias, registrando o principal impacto positivo individual (0,27 p.p.) no resultado acumulado de 2025. Esta variação é a maior para um primeiro semestre desde 2018, quando foi de 8,02%”, afirma Fernando Gonçalves, gerente do IPCA. 

Alimentos registram primeira queda em 10 meses

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, em junho, apenas o grupo Alimentação e bebidas apresentou variação negativa (-0,18%), após a alta de 0,17% em maio. Após nove meses consecutivos de altas, a queda em junho foi impulsionada pela alimentação no domicílio que saiu de 0,02% em maio para -0,43% em junho, com as quedas do ovo de galinha (-6,58%), do arroz (-3,23%) e das frutas (-2,22%). No lado das altas destaca-se o tomate (3,25%).

A queda no grupo Alimentação e bebidas se reflete no índice de difusão do mês de junho, ou seja, no percentual de subitens que tiveram resultado positivo, que passou de 60% em maio para 54% em junho. “Foi o menor índice de difusão desde julho de 2024 (47%), quando o grupo Alimentação também apresentou uma redução em sua taxa (-1,00%)”, observa o gerente. “Se tirássemos os alimentos do cálculo do IPCA, a inflação do mês seria de 0,36%. E se tirássemos a energia elétrica, ficaria em 0,13%”, explica o gerente.

BC descumpre meta para IPCA

A taxa acumulada em 12 meses permaneceu acima da meta contínua — 3% medida pelo IPCA, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos — em todos os meses de 2025.

O Brasil adotou a meta contínua de inflação a partir deste ano, prevendo que o Banco Central deverá se explicar ao governo se o alvo for descumprido por seis meses consecutivos.

O BC precisa divulgar publicamente as razões do descumprimento, detalhando as causas, as medidas necessárias para assegurar o retorno da inflação aos limites estabelecidos e o prazo esperado para que as medidas produzam efeito.

A autoridade monetária vai divulgar carta aberta ao presidente do Conselho Monetário Nacional ainda nesta quinta-feira.

O Banco Central elevou no mês passado a taxa básica de juros Selic em 0,25 ponto percentual, a 15% ao ano, considerando que ela deve permanecer inalterada por “período bastante prolongado”. A autarquia volta a se reunir no final de julho.

A mais recente pesquisa Focus do BC mostra que a expectativa do mercado é de que o IPCA encerre este ano com alta de 5,18%, com a Selic a 15%.

*Com informações da Reuters