10/06/2025 - 9:03
A inflação do país medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,26% em maio, após registrar alta de 0,43% em abril, informou nesta terça-feira, 10, o IBGE. Foi o menor índice para maio desde 2023 (0,23%) e o resultado mais brando desde janeiro de 2025, quando havia subido 0,16%.
No acumulado em 12 meses, o IPCA desacelerou para 5,32%, abaixo dos 5,53% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.
Os resultados vieram abaixo do esperado. As expectativas em pesquisa da Reuters eram de avanços de 0,33% no mês e de 5,40% em 12 meses.
O índice de difusão, que mede o percentual dos produtos e serviços que tiveram alta de preço no mês, caiu de 67% em abril para 60% em maio.

Alívio nos alimentos e combustíveis
Segundo o IBGE, o alívio foi resultado principalmente da desaceleração dos preços dos grupos Alimentação e bebidas, Habitação e Transportes, que juntos possuem peso de 57% no IPCA.
Entre os alimentos, destaque para as quedas do tomate (-13,52%), do arroz (-4,00%), do ovo de galinha (-3,98%) e das frutas (-1,67%). No lado das altas, houve aumento nos preços da batata-inglesa (10,34%), a cebola (10,28%), o café moído (4,59%) e carnes (0,97%).
“Observamos que a desaceleração dos alimentos, que saíram de 0,82% em abril para 0,17% em maio e a queda dos Transportes de 0,37%, acabam por compensar a alta de 1,19% do grupo Habitação, refletindo no resultado final do índice geral”, destacou o gerente da pesquisa, Fernando Gonçalves.
No grupo Habitação (1,19% e 0,18 ponto percentual de impacto), a alta foi puxada pelo aumento nos preços da energia elétrica residencial, que passou de -0,08% em abril para 3,62% em maio, devido à mudança na bandeira tarifária.
Nos Transportes, a deflação foi influenciada principalmente pelos recuos na passagem aérea (-11,31%) e combustíveis (-0,72%). Todos os combustíveis pesquisados registraram recuos em maio: óleo diesel (-1,30%), etanol (-0,91%), gás veicular (-0,83%) e gasolina (-0,66%).
Ainda acima do teto da meta
Apesar de ter desacelerado, a inflação segue acima do teto da meta. O centro da meta perseguida pelo Banco Central para 2025 é de um IPCA de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
A expectativa do mercado para inflação medida pelo IPCA no fechamento de 2025 está em em 5,44%, segundo o último boletim Focus do Banco Central. Para 2026, a projeção é de uma taxa de 4,50%.
“Olhando para os próximos meses, esperamos que o grupo alimentação siga bem comportado e contribua para novas leituras baixas para o IPCA em junho e em julho. Entretanto, os números estão sujeitos a alguma volatilidade por conta dos preços de energia. Existe a possibilidade de a Aneel acionar bandeira vermelha 2 no mês que vem, o que poderia adicionar 0,18p.p. no IPCA de julho”, avaliou Flávio Serrano, economista-chefe do Banco Bmg.
Para a Selic, a mediana das projeções do mercado é de manutenção do nível atual de 14,75% até o fim do ano, enquanto para o término de 2026 a previsão é de que a taxa atinja 12,50%.
O Banco Central volta a se reunir na próxima semana para decidir sobre a taxa básica de juros. Diante das expectativas de inflação desancoradas, o BC deve manter a taxa básica de juros em patamar restritivo por um tempo, em meio ainda a uma economia resiliente e mercado de trabalho aquecido.