Com uma alta de 50,35%, o café moído é um dos itens que mais encareceram nos últimos 12 meses. Os dados foram extraídos do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, cujo avanço acumulado no mesmo período chegou a 4,56% conforme divulgado pelo IBGE nesta terça-feira, 11.

+IPCA tem menor alta para janeiro em 30 anos, mas inflação deve acelerar em 2025

+Brasil bate recorde de exportação de café

O índice apresentou em janeiro uma alta relativamente baixa, a menor desde agosto de 2024, quando houve deflação de 0,02%. O grupo Alimentação e bebidas teve no entanto seu quinto aumento consecutivo (0,96%).]

Veja os alimentos com maiores altas em 12 meses:

#AlimentosVariação em 12 meses (%)
1Abacate68,77
2Tangerina68,56
3Laranja-Lima59,56
4Café Moído50,35
5Abobrinha47,47
6Peixe-Peroá36,66
7Laranja-Pera34,52
8Alho31,93
9Limão30,48
1027,29
11Acém25,98
12Patinho25,28
13Óleo De Soja24,55
14Lagarto Comum23,21
15Filé-Mignon22,46
16Cigarro22,07
17Peito21,98
18Costela21,78
19Etanol21,59
20Joia20,95
21Contrafilé20,61
22Alcatra20,49
23Músculo19,86
24Chã De Dentro19,61
25Carne De Porco18,92
26Açaí (Emulsão)18,76
27Capa De Filé18,48
28Azeite De Oliva17,24
29Leite Longa Vida16,19
30Lagarto Redondo15,88

É importante destacar que os bens e serviços monitorados exercem pesos diferentes sobre o IPCA, conforme uma metodologia de ponderação definida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Assim, os itens com maiores altas nos preços não necessariamente apresentaram a maior pressão sobre o índice geral.

Inflação desacelera, mas ainda fora da meta

A alta acumulada em 12 meses até janeiro — de 4,56% contra 4,83% no fechamento de 2024 — representa um desaceleramento do avanço da inflação. O resultado está em linha com as previsões do mercado, mas ainda acima do teto da meta do Banco Central.

O centro da meta para 2025 é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Segundo pesquisa Focus divulgada na véspera pelo BC, a expectativa atual do mercado para o IPCA é de alta de 5,58% ao fim deste ano, no que foi a 17ª semana consecutiva de aumento na previsão.

Economista-chefe da Monte Bravo, Luciano Costa destaca que o índice foi beneficiado pelo desconto de energia elétrica devido ao bônus de Itaipu e a menor pressão de móveis, eletrodomésticos e vestuário. Sobre os alimentos, ele afirma que a alta “arrefeceu na margem, mas segue bastante pressionada”. O setor de serviços também segue muito pressionado.

“O balanço de riscos assimétrico, aliado à fragilização da âncora fiscal, continua demandando uma postura firme do Banco Central”, segue Costa. “Isso reforça a sinalização de manutenção do ritmo de alta de 100 pontos-base na reunião de março.”

A estimativa da Monte Bravo é de que a taxa básica de juros, a Selic, chegue a 14,75% no final do ano. O Boletim Focus, publicação do Banco Central que reúne a média das previsões do mercado, projeta 15% no final do ano. Os juros são o instrumento da política monetária para tentar controlar a inflação.