09/08/2022 - 12:05
Os preços ao consumidor no Brasil apresentaram uma redução mensal de 0,68% em julho, o menor registro desde o início da série histórica em 1980. Assim, o acumulado para 12 meses foi de 10,07%, informou nesta terça-feira (9) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
O número contrasta com a crise inflacionária que impulsiona as taxas de juros desde o ano passado no país.
Em junho, os preços ao consumidor tiveram aumento de 0,67%, acumulando 11,89% em 12 meses.
A taxa de julho “foi influenciada principalmente pelo setor de Transportes, que teve a queda mais intensa (-4,51%) e contribuiu com o maior impacto negativo (-1,00 ponto percentual) no índice”, detalhou o IBGE em nota.
A retração nesta categoria é explicada pela redução do preço dos combustíveis (-14,15%) em julho.
Preocupado com os constantes aumentos diante das eleições de outubro em que o presidente Jair Bolsonaro buscará a reeleição, o governo promoveu uma redução nos impostos que contribuíram para essa queda.
Além disso, a Petrobras aplicou vários cortes depois que Bolsonaro trocou de presidente pela terceira vez no final de junho, após críticas à política de preços da empresa.
Outra queda notável em julho foi a de energia elétrica residencial (-5,78%), resultado da redução de tarifas e impostos.
A queda dos preços em julho colocou a taxa nos primeiros sete meses do ano em 4,77%, próximo ao limite da meta do Banco Central de 5% para 2022.
– Alta nos alimentos –
Apesar da queda no índice geral, alimentos e bebidas seguiram em alta, com aumento de 1,30%, impulsionado, entre outros, pelo aumento de 25,46% no leite longa vida. O índice acumulado em 12 meses subiu para 14,72%.
Esses avanços têm um impacto especial no bolso da população mais vulnerável, que gasta a maior parte de sua renda em bens básicos para sobreviver.
A inflação, em dois dígitos em 12 meses desde setembro de 2021, prejudicou a popularidade de Bolsonaro, que está ficando para trás na corrida eleitoral contra o ex-presidente Lula (PT).
O avanço acumulado nos preços motivou o aumento da ajuda governamental do plano Auxílio Brasil de um mínimo de 400 até 600 reais (cerca de 117 dólares no câmbio atual), deste mês até dezembro, para 20,2 milhões de famílias vulneráveis.
Também serão pagos auxílios para gasolina às famílias e apoio aos caminhoneiros, setor fundamental no apoio eleitoral a Bolsonaro nas eleições de 2018.
– Taxas elevadas –
A alta inflação no Brasil deu origem a um ciclo de 12 aumentos nas taxas de juros pelo Banco Central do Brasil (BCB), que deixou sua referência em 13,75%.
O BCB iniciou essa trajetória ascendente em março de 2020 para conter a inflação, impulsionada pelas incertezas internas e pelo impacto da pandemia nos preços globais, acentuados desde fevereiro pela guerra entre Rússia e Ucrânia.
Analistas apontam que o efeito da política da autoridade monetária seria notável principalmente no segundo semestre.
Para a próxima reunião, em setembro, o BCB ainda prevê um “ajuste residual” na taxa Selic.