O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta sexta-feira, 17, que a inflação no Brasil tem convergido dentro do esperado e avaliou que o câmbio tem se comportado bem. “Últimos números de inflação tiveram uma qualidade melhor na parte de núcleos, mas temos um desafio ainda”, disse ele durante participação no evento “E Agora, Brasil?”, promovido pelos jornais O Globo e Valor Econômico.

E acrescentou: “Recentemente o dólar se fortaleceu, mas o real tem se comportado melhor que outras moedas. Sempre tem o argumento do diferencial de juros, e entendemos que ainda há espaço. Não é uma queda de juros que tenha uma reversão grande no câmbio.”

Segundo Campos Neto, o diferencial de juros do Brasil com os Estados Unidos está em um nível baixo, se comparado com a média dos últimos anos. “Mas entendemos que tem também um diferencial de risco, e nos EUA o fiscal piorou muito”, completou.

Juros dos EUA e reação de emergentes

O presidente do Banco Central avaliou ainda que os países emergentes tiveram reação “surpreendente” à alta de juros dos Estados Unidos, mas manteve o alerta sobre o efeito cumulativo desse movimento.

“O yield americano colou no yield dos emergentes pela primeira vez em muitos anos. Os emergentes tiveram um comportamento muito bom nessa crise. A questão é se isso vai ser verdade se esse efeito for cumulativo”, disse ele.

Dívida dos EUA e demais países

No evento “E Agora, Brasil?”, o presidente do Banco Central destacou o aumento da dívida de todos os países, especialmente dos desenvolvidos, no pós-pandemia. “O problema não é nem o nível da dívida dos Estados Unidos, mas onde ela vai parar. É bastante preocupante. Isso significa tirar um montante de liquidez do mundo bastante grande para rolar essa dívida.”

Campos Neto também pontuou a disputa de recursos no mercado global para projetos sustentáveis.

Segundo ele, o enfrentamento da mudança climática talvez seja a “prioridade número 1” para diversos governos no momento.