Por Bernardo Caram

BRASÍLIA (Reuters) – Dado recente de alta da inflação no Brasil foi surpresa e o Banco Central está aberto a analisar o cenário se houver algo diferente do padrão, afirmou nesta segunda-feira o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, após a divulgação da maior alta de preços para março em 28 anos.

Em evento promovido pela Arko e Traders Club, Campos Neto disse que o núcleo de inflação (que desconsidera itens mais voláteis) está muito alto e que é preciso avaliar a surpresa recente de alta nos preços para observar se essa tendência de elevação muda.

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“A gente, como disse no comunicado (do Comitê de Política Monetária), está sempre aberto a analisar o cenário se entender que tem alguma coisa diferente do padrão que vinha sendo identificado”, disse.

“A gente teve uma pequena, uma surpresa nesse último número, uma surpresa que curiosamente se deu em vários países. Vamos analisar e ver os fatores que estão gerando essas surpresas inflacionárias e vamos comunicar no momento que for mais apropriado”.

A inflação brasileira deu o maior salto em 28 anos para um mês de março, segundo dados do IBGE apresentados na última semana, sob o impacto da alta dos combustíveis e com disseminação generalizada por vários grupos de produtos e serviços, atingindo 11,30% em 12 meses.

De acordo com Campos Neto, o movimento de alta foi puxado por preços de combustíveis, mas também por uma surpresa em vestuário e outros componentes.

Na apresentação, o presidente do BC afirmou, por outro lado, que o recente movimento do câmbio, com valorização do real, ainda não está totalmente refletido nos preços.

Em declarações recentes, Campos Neto vem afirmando que o BC pode rever seus posicionamentos e aumentar o aperto monetário se observar novos choques sobre a inflação.

O cenário traçado pelo Comitê de Política Monetária em sua reunião de março previu um novo aumento de 1 ponto percentual na taxa Selic, que atingiria 12,75% ao ano na reunião de maio, possivelmente marcando o fim do ciclo de aperto monetário implementado para debelar a inflação, conforme falas anteriores de Campos Neto. Em março, o colegiado já havia deixado a porta aberta para mudanças nessa perspectiva se necessário.

O presidente do BC avaliou que uma aceleração no aperto monetário nos Estados Unidos pode gerar uma onda inicial com dólar um pouco mais forte, podendo também haver reversão do fluxo de recursos que tem sido destinado a países emergentes.

Para ele, no entanto, o Brasil está em boa posição no redesenho geopolítico gerado pela guerra na Ucrânia, o que pode ser uma oportunidade para o país.

 

(Por Bernardo Caram)

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