Pelo menos 22 influenciadores digitais brasileiros estão sendo investigados pela justiça portuguesa por darem golpes e estimularem a imigração ilegal para o país. Por meio de redes sociais, eles oferecem facilidades e cobram cerca de 3 mil euros (R$ 18 mil) para preparar os documentos para a mudança de país, mas, somente quando chegam a Portugal, as vítimas percebem o golpe.

O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) do país está investigando os casos, segundo o jornal Correio Braziliense. A maioria dos suspeitos são jovens que postam imagens de casas novas e viagens, convencendo que é fácil melhorar de vida em Portugal. Alguns investigados se apresentam como advogados, mesmo não tendo registro para atuar no país. Eles oferecem às vítimas serviços de passagens aéreas, assessoria jurídica e comprovação de moradia para driblar a imigração.

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O SEF suspeita que a rede montada pelos influenciadores é grande. Os profissionais mais buscados pelos golpistas são os da construção civil, pois falta trabalhadores dessa área no país. Porém, os brasileiros ficam em situação irregular e sem condições de vida digna. As vítimas relatam que revezam cama por falta de renda e um grupo dorme de dia, outro, à noite.

Para entrar em Portugal, é preciso apresentar documentos que comprovem que as pessoas estão entrando no país como turistas e não para procurar trabalho. Pelas regras, brasileiros podem ficar no país por 90 dias, prazo que pode ser renovado por mais três meses. Cerca de 210 mil cidadãos oriundos do Brasil vivem em Portugal, mas o governo estima que outros 100 mil estão em situação irregular. A quantidade de moradores com dupla nacionalidade é de 1 milhão.

Recentemente, foi aprovada no país uma lei para facilitar a entrada de trabalhadores. Os vistos temporários, de 120 dias, com renovação por mais 60, poderão ser tirados diretamente nas embaixadas e nos consulados portugueses. Dessa forma, mesmo sem emprego em vista, os interessados poderão ficar no país legalmente procurando oportunidades no mercado de trabalho.

Os trabalhadores que conseguirem vagas terão de contribuir com a Previdência Social local e recolher impostos nos contracheques. Pelo projeto, o sistema de fiscalização dos trabalhadores temporários seria rigoroso.