Alcides Parizotto transmitiu aos filhos Cesar e Marco Antônio a paixão pela ousadia nos negócios. O patriarca vendeu o Atacadão, seu bem-sucedido atacado de alimentos, no início dos anos 1990. O faturamento anual atingia US$ 700 milhões, mas ele escolheu um novo ramo de atividade. O passo dado por ?seo? Alcides, como é chamado pelos herdeiros, foi em direção ao setor imobiliário com a criação da InPar. Na sexta-feira 14, os filhos seguiram os ensinamentos paternos e incrementaram as operações da incorporadora com sede em São Paulo. Anunciaram a primeira aquisição da companhia e fincaram a bandeira da InPar no Centro-Oeste ao comprar 50% da TCI Construtora, empresa com 30 anos de história em Goiânia e um estoque de 13 terrenos com potencial de venda de R$ 280 milhões. Foram quatro meses de conversa com os sócios Marco Antônio de Castro Miranda e Bruno di Carlo para concretizar uma transação de R$ 27,5 milhões. Desse total, a InPar pagará R$ 15,5 milhões pelos ativos da TCI e outros R$ 12 milhões pela metade do banco de terrenos. E, sem perder tempo, o primeiro lançamento de médioalto padrão com a nova marca TCI-In- Par já acontece antes do Natal com previsão de R$ 18 milhões em vendas.

CLÃ PARIZOTTO Cesar e Marco investiram R$ 27,5 milhões na goiana TCI

A sociedade com uma construtora de outra região do Brasil consolida a estratégia de descentralização que a InPar adotou em 2007. A incorporadora procurou fugir do eixo Rio de Janeiro-São Paulo, onde a compra e aprovação de um projeto pode demorar mais de nove meses, e adotou o modelo de parcerias com empresas sediadas em outros Estados. Até a segunda semana de dezembro, dos 34 projetos lançados, que acumulavam R$ 1,3 bilhão em valor geral de vendas, 68% estavam fora dos terrenos paulista e carioca. ?O sócio local conhece a cultura da região e sabe qual é o lado bom da rua ruim?, diz o vice- presidente Marco Antônio Parizotto. Desde fevereiro, foram 11 contratos assinados com empresas locais para empreendimentos imobiliários nas mais diversas cidades, como Ananindeua, no Pará. As vendas atingem R$ 64 milhões em apartamentos supereconômicos. Esses acordos colocaram a InPar em 14 Estados e no Distrito Federal e abrem a possibilidade para novas fusões. ?A parceria é um teste e os bons parceiros podem se transformar em InPar no futuro?, afirma o presidente Cesar Parizotto.

Esse movimento de fusões e aquisições deve se intensificar no setor imobiliário durante todo o próximo ano. Construtoras e incorporadoras viveram um boom particular em 2007. Há um ano existiam apenas três delas listadas na Bovespa. O crescimento foi rápido e o investidor já encontra 24 diferentes papéis, entre eles o da InPar, que estreou na Bovespa em 5 de junho e captou R$ 756 milhões. Com o dinheiro em caixa, é natural que elas saiam às compras. Algumas anteciparam esse cenário, como a Agra Incorporadora. Foi a primeira a fechar negócios com a aquisição de 55% do capital da Extrema Desenvolvimento Urbano por R$ 14,6 milhões, 60% nos empreendimentos da Wrobel Construtora por R$ 27,6 milhões e participações na BKO Engenharia e na Tallento Engenheiros. A Gafisa também investiu em uma sociedade. Pagou R$ 65 milhões por 70% da alagoana Cipesa Empreendimentos. Antes que a palavra vire moda e mais concorrentes busquem seus espaços, a InPar resolveu cavar o dela.