Se o Metrô de São Paulo não pode comparar seu tamanho com o sistema metroviário de outras cidades, como Nova York, Madri e Tóquio, em termos de marketing, pelo menos, ele não quer ficar para trás. Na quarta-feira 23, foram iniciadas as vendas de seus primeiros produtos licenciados, como camisetas, chinelos, canecas, chaveiros, entre outros, com estampas relacionadas ao transporte sobre trilhos paulistano.

“Foi um sonho antigo que tínhamos ao ver outros metrôs internacionais explorando as próprias marcas”, afirma Robinson Bertoldi, chefe do departamento de negócios do Metrô de São Paulo. O caminho para se aproximar dos grandes, no entanto, é bem longo. Apenas o metrô de Nova York comercializa mais de três mil produtos com a sua marca. Para alavancar seu novo nicho de atuação, o sistema da capital paulista está buscando parcerias com designers e empresários do setor de moda e souvenirs. A primeira delas foi firmada com o empresário Rogério Ruiz, que comanda o site Street Closet, especializado na venda de roupas de marcas brasileiras. 

Depois de muita negociação, aprovação de protótipos e assinaturas de papeladas, a primeira loja, localizada na estação Consolação da Linha-2 Verde, foi inaugurada. O investimento foi de R$ 100 mil, incluindo desde a confecção de produtos até a abertura do estabelecimento. “Foi uma parceria inusitada”, diz Ruiz. “Foi uma surpresa poder trabalhar com ter essa licença para trabalhar com a marca do Metrô.”

Com preços que variam de R$ 7,90 num broche até R$ 59,90 numa camisa especial para a Copa, o lojista quer aproveitar o volume de 300 mil pessoas que passam diariamente naquela estação. A intenção é também alavancar as vendas de roupas que comercializa pela internet, como das marcas brasileiras Sumemo e Jonny Size. Na manhã da inauguração, no entanto, apenas produtos do Metrô tinham sido vendidos. “A intenção é ter ainda mais produtos relacionados ao transporte”, afirma Ruiz.

Nem as diversas mensagens irônicas colocadas por usuários nas redes sociais, criticando o tamanho e a lotação do transporte, diminui o ânimo da dupla. “Apesar dos problemas, o Metrô também é conhecido por outros pilares como segurança, credibilidade e limpeza”, diz Bertoldi, do Metrô. “Não dá para agradar todos”, afirma Ruiz. “Mas a ideia é uma homenagem à cidade, não apenas ao transporte.”


Vendas podem ajudar a manter valor da passagem

No ano de 2012, quando o Metrô lançou um guia de exploração de sua marca, a empresa estatal fixou royalties entre 7%, quando o design do produto fica sob responsabilidade pela empresa, e 9%, caso o Metrô seja responsável pelo desenho. A verba poderá ser usada tanto na expansão da linha, quanto na manutenção do valor da passagem. 

“É uma verba que entra como base de pagamentos da companhia, não tem um destino específico”, afirma Bertoldi, que ainda não faz estimativas de quanto o Metrô pretende faturar com a nova atividade.

Para que isso seja possível, Bertoldi pretende atingir não só pequenos empresários paulistanos, que já estão negociando outros quatro contratos, mas grandes empresas que estejam interessadas em vincular suas marcas com a do Metrô. O setor de brinquedos é uma meta. “Imagina a Estrela fazendo um Ferrorama do Metrô?”, afirma Bertoldi. “Temos uma infinidade de opções.”