A instalação audiovisual que recria na 15ª Festa Literária lnternacional de Paraty (Flip) a experiência-símbolo do Museu da Língua Portuguesa, que é a Praça da Língua, tem atraído a curiosidade dos visitantes da cidade da Costa Verde fluminense e vai ficar aberta ao público até o dia 27 de agosto.  A Flip termina amanhã (30).

“A gente vai deixar um mês aqui para que a comunidade de Paraty possa aproveitar. A procura é muito intensa”, disse a gerente de Patrimônio da Fundação Roberto Marinho e uma das responsáveis pela restauração do Museu da Língua Portuguesa, a arquiteta carioca Lúcia Basto.

Espécie de ‘linguetário”, como definiu Lúcia, esse “planetário da língua” é um espaço onde são projetadas imagens, além de áudios de clássicos da literatura e da música brasileira. “É como se fossem telas da cultura, da poesia. É uma coisa muito sensorial. As pessoas gostavam muito. Era o lugar que mais emocionava os visitantes”, disse a arquiteta.

O Museu da Língua Portuguesa, situado na Estação da Luz em São Paulo, foi destruído por um incêndio em 2015 e se encontra em restauração. A instalação recupera áudios originais do museu, apresentando trechos de obras de poetas como Carlos Drummond de Andrade e músicas de compositores como Lamartine Babo, por exemplo.

Linguagem

O Museu da Língua Portuguesa na Flip é uma iniciativa do governo do estado de São Paulo, da Fundação Roberto Marinho, da EDP e do Grupo Globo, que são os patrocinadores do equipamento. “Com a Flip, a gente achou importante trazer um pouco dessa experiência para cá, para falar do museu, porque está perto dos escritores e da população de Paraty”, disse Lúcia.

A programação do museu na Flip ocorre na Casa de Cultura, no centro histórico da cidade, e celebra a linguagem em várias formas de expressão, como o rap e a dança, e vários suportes, como palestras. Para Lúcia, as atividades na Flip são uma maneira de manter o museu vivo e em comunicação com o público, enquanto o processo de restauração está em curso.

A programação artística do museu na Flip ocorre no pátio da Casa da Cultura, com grupos de Paraty. Hoje (29), se apresenta o grupo de ciranda Os Caiçaras, seguindo-se o movimento Esquina do Rap, que promove a cultura hip hop na cidade, e o Coral Indígena Guarani da Aldeia Itaxi, no dia 30, formado por crianças, encerrando o evento. “É importante também trazer o paratiense para mostrar a sua forma de linguagem dentro da cultura local”, disse Lúcia.

Restauração

O Museu da Língua Portuguesa está sendo reconstruído, em São Paulo, após o incêndio que o atingiu em dezembro de 2015. Lúcia Basto disse que como se trata de um prédio muito importante, tombado nas três instâncias (federal, estadual e municipal), a primeira preocupação dos restauradores foi fazer uma proteção imediata. Por isso, a primeira fase do restauro foram obras emergenciais.

Após a captação dos recursos necessários, obtidos por meio da parceria com os grupos Globo e EDP e a Fundação Itaú Cultural, foi iniciado o processo de restauração das fachadas, que será concluído em outubro. O projeto da cobertura foi desenvolvido e, em agosto próximo, a arquiteta disse que começará a execução do telhado novo. O planejamento prevê que em 2018 as obras externas do prédio estarão encerradas. Entre março e abril de 2018, serão iniciadas as obras internas, de modo que em 2019 a restauração possa ser terminada e o prédio devolvido ao público. A expectativa é que isso ocorrerá no início no segundo semestre.

Em dez anos de funcionamento na Estação da Luz, o museu recebeu cerca de 4 milhões de visitantes, sendo 319 mil em ações educativas. O Museu da Língua Portuguesa é o primeiro museu do mundo totalmente dedicado a um idioma. O equipamento trouxe ao Brasil um conceito museográfico inovador, que alia tecnologia e educação.