31/05/2025 - 7:00
* Enviado a Boston (EUA)
A adoção de soluções de inteligência artificial nas grandes empresas é inevitável, mas exige atenção especial ao aspecto humano, além da questão da tecnologia. É no que acredita Matt Hicks, CEO da Red Hat, uma das maiores empresas do mundo na área de software. Comprada em 2019 pela IBM por US$ 34 bilhões, a Red Hat tem cerca de 20 mil funcionários e atua nas áreas de soluções de nuvem, software para servidores e ferramentas de IA.
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“Os projetos de IA precisam fazer sentido para os funcionários da empresa. Eles têm que saber que continuarão a ter um emprego e para isso eles precisam entender a tecnologia e perceber que os resultados são melhores para eles”, disse Hicks em entrevista exclusiva à IstoÉ Dinheiro.
Com uma visão otimista sobre IA, Hicks se baseia em sua própria experiência profissional para afirmar que a nova tecnologia melhora a produtividade, mas não substitui por completo o trabalho humano. “Sou programador, e fiz isso a minha vida toda. De algum tempo para cá, passei a usar soluções de IA para meus projetos pessoais de programação em casa. O fato é que em muitas situações a IA programa melhor do que eu. Porém, agora eu posso direcionar a IA para fazer o que eu quero. Posso usar diversas ferramentas em conjunto para fazer um projeto maior, em vez de gastar tempo escrevendo código”, detalha.
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O impacto da IA nas empresas deve ir muito além da área de tecnologia, segundo Matt. “Setores como vendas também serão impactados. Como encontrar o melhor valor de desconto para um produto? Qual cliente está mais propenso a fechar uma compra? Estas são algumas perguntas que a IA poderá responder com eficiência, a partir das informações das empresas. Finanças, marketing, RH e outras áreas também serão completamente modificadas”, afirma.
Bancos e governo lideram investimentos no Brasil
No Brasil, os setores público e financeiro são os mais relevantes para a Red Hat, em volume de negócios. Em entrevista à IstoÉ Dinheiro, Sandra Vaz, diretora-geral da empresa no País, afirma que o setor público já tem uma tradição de investimento em software livre, área de atuação da Red Hat.
“Hoje existe uma preocupação muito grande em atender o cidadão, em fornecer experiências que sejam mais rápidas e ágeis. Marcação de consultas em serviços de saúde, serviços de zeladoria. Essas são algumas das áreas no serviço público em que vemos avanços”, diz.
Já entre os bancos, Sandra observa que há uma competição muito forte na área de inovação, o que aumenta a importância da área de tecnologia. “Vemos bancos hoje com mais de 10 mil funcionários só na área de TI. Hoje, a tecnologia não é mais custo, mas sim investimento”, afirma.
* O jornalista viajou a Boston a convite da Red Hat