No 2º trimestre de 2025, a proporção de pessoas que declararam a intenção de adquirir um imóvel nos próximos três meses recuou de 35% para 33%, de acordo com a Pesquisa Raio-X FipeZAP. Esse é o menor patamar desde 2019.

A parcela dos que responderam a pesquisa e classificaram os preços dos imóveis como “altos ou muito altos” recuou de 74% no segundo trimestre de 2024 para 71% este ano. O percentual de respondentes que avaliaram os preços vigentes como “razoáveis” também oscilou de 19% para 17%, em contraste com a percepção de que os preços se encontravam em níveis “baixos ou muito baixos”, que subiu de 3% para 6%. 

Em relação à expectativa de preços para os próximos 12 meses, o percentual de pessoas que projetam aumento nominal no valor dos imóveis recuou de 46% para 42%, na comparação entre os mesmos períodos de 2024 e 2025. 27% acredita que os preços vão se manter os mesmos e 11% apostam na queda de preço para o período. 

Dificuldade no crédito é principal entrave

A falta de perspectiva na compra de um imóvel é um reflexo do cenário econômico atual, onde o crédito está cada vez mais escasso e caro. A economista do Grupo OLX Paula Reis lembra que o saldo da poupança está em queda, reduzindo os recursos disponíveis para empréstimo no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que costuma atender o segmento de médio e alto padrão no financiamento imobiliário. 

“Além da escassez da oferta de crédito, os juros básicos da economia chegaram a 15% no final de junho e, segundo as sinalizações do Copom e as expectativas do mercado, devem permanecer nesse patamar por um bom tempo, o que encarece o crédito em geral e a captação de recursos para financiar aquisição e construção de imóveis”, apontou. 

Nova faixa do MCMV tem alcance limitado

O governo federal anunciou no mês de abril a nova faixa do programa Minha Casa minha Vida para quem tem entre R$ 8.600 e R$ 12.000 de renda familiar. A modalidade oferece juros de 10% ao ano e com teto de preço para o imóvel de R$500 mil. Paula explica que por mais que o MCMV ofereça condições melhores que os créditos convencionais, ele ainda é muito limitado. 

“O orçamento destinado à essa faixa é de apenas R$ 15 bilhões, muito menor do que o das demais faixas. Esse recurso dá um alívio, mas sozinho não consegue reverter a queda da concessão de crédito iniciada em abril”, encerrou.