Os brasileiros ficaram ligeiramente mais propensos às compras em outubro, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) avançou 0,3% em relação a setembro, já descontados os efeitos sazonais.

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O indicador alcançou 104,2 pontos, patamar considerado na zona favorável (acima dos 100 pontos), mas a CNC pondera que o ritmo de crescimento da intenção de compras dos consumidores vem desacelerando desde abril.

“Na comparação anual (ante outubro de 2022), a intenção de consumo cresceu 19,7%, mas a taxa é a mais baixa desde outubro do ano passado (+18,9%)”, frisou a entidade. “O cenário econômico revela sinais de cautela entre os consumidores, à medida que se aproximam as principais datas comemorativas do comércio”, ressaltou a CNC, referindo-se ao Natal e Black Friday.

Na passagem de setembro para outubro, seis dos sete componentes do ICF registraram avanços: emprego atual (alta de 0,1%, para 126,9 pontos); renda atual (0,2%, para 121,1 pontos); nível de consumo atual (0,4%, para 89,6 pontos); perspectiva de consumo (0,5%, para 109,4 pontos); acesso ao crédito (0,2%, para 94,5 pontos); e momento para aquisição de bens de consumo duráveis (2,4%, para 69,3 pontos). Houve recuo apenas no item perspectiva profissional (-0,7%, para 118,4 pontos).

Na comparação com outubro de 2022, todos os sete componentes do ICF registraram expansão em outubro de 2023, com destaque para a alta de 56,7% na intenção de compra de bens duráveis.

Para a entidade, os resultados indicam que os brasileiros preveem consumo moderado às vésperas de Black Friday e Natal.

A queda das taxas de juros e o programa do governo de renegociação de dívidas “estão gradualmente facilitando o acesso ao crédito, embora as instituições financeiras ainda estejam seletivas por conta da inadimplência persistente”, avaliou a economista Izis Ferreira, responsável pela pesquisa da CNC, em nota.

Em outubro, 29,8% dos consumidores afirmaram estar mais fácil comprar a crédito, maior proporção desde maio de 2020, embora uma fatia mais expressiva, de 35,3% dos entrevistados, ainda acredite que esteja mais difícil.

“O alto endividamento e a inadimplência continuam limitando a capacidade de consumo das famílias, o que diminui os efeitos positivos da desaceleração da inflação na renda disponível”, justificou Izis Ferreira, em nota.

Quanto aos resultados por faixas de renda, a perspectiva de consumo nos próximos três meses das famílias com renda mensal de até dez salários mínimos cresceu 0,2% em outubro ante setembro, ante um avanço de 0,5% entre as famílias que recebem mais de dez salários mensais.