O interesse dos brasileiros por alimentos orgânicos é crescente. Uma mostra dessa mudança de hábito vem da Pesquisa Organis, realizada entre 15 de setembro e 5 de outubro de 2021, com 987 pessoas de 12 capitais. Quase um terço do público (31%) disse ter consumido produtos dessa classificação nos 30 dias antes da entrevista. A confirmação supera em 63% os dados da edição anterior (2019) do estudo, que é feito pela Associação de Promoção dos Orgânicos (Organis), em parceria com a Brain Inteligência Estratégica e com apoio da Unir Orgânicos.

O maior apetite de investidores pelo setor é outra comprovação. O segmento de ovos orgânicos, já composto por empresas como Korin, Mantiqueira, Fazenda da Toca e Katayama, passa a contar agora com produtos de uma nova marca. Na última segunda-feira (11), os sócios da Raiar Orgânicos, Marcus Menoita, Leandro de Almeida e Luis Barbieri, fizeram o pré-lançamento dos ovos que chegarão ao mercado na semana que vem. Segundo os empresários, já foram aplicados R$ 80 milhões do primeiro aporte de R$ 200 milhões. O restante será utilizado em no máximo um ano e meio, e aí começará uma nova etapa de investimentos.

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A unidade de produção fica em uma fazenda de 170 hectares, em Avaré (SP), onde já estão alojadas 60 mil galinhas. Até o final de 2022 haverá 160 mil aves e dentro de quatro ou cinco anos serão 700 mil. A produção atual de 17 mil ovos por dia deve dobrar em breve e chegar a 150 mil ovos/dia até o fim de 2023. Esses números só serão possíveis porque o negócio começou, na verdade, pelos insumos.

Os sócios da Raiar constataram que muitos donos de granjas não têm interesse em produzir ovos orgânicos porque falta milho adequado para alimentar as galinhas nesse sistema. Por isso, antes mesmo de comprarem a fazenda, decidiram fomentar o cultivo desse grão. A iniciativa envolveu agricultores familiares que estão nos arredores, inclusive em assentamentos, e já garantiu comida para as aves até abril do ano que vem.

Essa mesma necessidade deu origem à construção da maior fábrica de ração orgânica do País, com produção suficiente para atender o plantel máximo que a empresa quer atingir e mais o dobro dessas 700 mil aves. Ou seja, o investimento visa a incentivar outros produtores e a combater um dos principais limitantes da expansão do consumo de alimentos orgânicos: o preço, algo que só começa a cair de fato quando se tem escala.