Dona de um faturamento de US$ 330 milhões, a italiana Telit, que reivindica a liderança global na área de “internet das coisas”, está apostando no mercado brasileiro, onde começou a operar em 2008.

Segundo  Ricardo Buranello, vice-presidente da subsidiária local e diretor geral para a América Latina da empresa, que acaba de transferir sua sede no Bairro de Pinheiros para a avenida Paulista, em São Paulo, já conta com 11 milhões de objetos conectados à sua rede de celulares no País, a partir de módulos produzidos numa fábrica terceirizada, no polo tecnológico de Pato Branco, no sudoeste do Paraná.

Com 250 clientes em seu portfólio, seus microchips são adotados por empresas de distribuição de energia, para evitar as perdas provocadas pelas  instalações ilegais, também conhecidas como “gatos”, no rastreamento de automóveis, para as companhias de seguros, e de animais de estimação e de bicicletas para particulares, entre outros.

Responsável por 5% das receitas mundiais do grupo, a filial pretende dobrar para 10% essa participação,  nos próximos cincos anos. “Devemos fechar 2016 com um crescimento de 40% nas vendas”, diz Buranello, que tem passagens por companhias como Totvs e Siemens.

Ele está convencido da universalização da aplicação da “internet das coisas” no mercado nacional. Entre os segmentos mais promissores figura o de  rastreamento de cargas. “Desenvolvemos um sistema no qual o que é rastreado não são os caminhões, mas as cargas, com a instalação de “iscas”, nas embalagens dos produtos transportados, o que facilita sua localização e recuperação em caso de roubo”, afirma. “Já comercializamos até agora 250 mil “iscas”, no Brasil, principalmente para fabricantes de produtos eletroeletrônicos.”

Outro é o de segurança patrimonial, para o qual oTelit já vendeu 150 mil dispositivos para sistemas de alarmes. “A possibilidade de um roubo a uma residência no Brasil é seis vezes maior do que nos Estados Unidos”, diz Buranello, que prevê um crescimento exponencial da “internet das coisas”, com base nas estimativas da consultoria IDC. Até 2020, segundo a IDC,  deverão estar conectadas mais de 30 bilhões de “coisas” no mundo, duas vezes e meia o registrado atualmente, movimentando US$ 1,7 trilhão de dólares.

De acordo com Buranello, a Telit está se preparando para esse crescimento da demanda, com a compra da linha de bluetooth da alemã Stollmann e da  linha de módulos da canadense Novatel, na qual foram investidos US$ 11 milhões. “Essas duas compras permitirão a ampliação dos negócios também no Brasil”, afirma.