30/06/2001 - 7:00
AInternet está experimentando sua fase de fim-de-feira. A mesma crise que fez inúmeras empresas pontocom fechar as portas trouxe uma queda de preços em quase tudo produzido em função da grande rede. Serviços como webdesign, publicidade e e-commerce, para citar alguns exemplos, tiveram que se adaptar à nova realidade. O jeito é atacar com preços baixos e, assim, atrair empresas de médio e pequeno portes. Em ruas de grande movimento de São Paulo, como as avenidas Faria Lima e Paulista, cartazes anunciam a criação de homepages com preços a partir de R$ 49, enquanto a média do mercado varia de R$ 90 a R$ 120. E não se trata de picaretagem. A Objectif já fez sites para a Nipomed e para o jogador Rivaldo e, ao ver o público diminuir, baixou o preço para ganhar na demanda. ?O número de pedidos aumentou 70%?, diz Edson Joaquim, diretor da empresa. O valor despertou o interesse de um público até então adormecido para as vantagens da Internet, como motéis e escritórios de advocacia.
Quando o assunto é comércio eletrônico, a realidade não é muito diferente. Um espaço no shopping virtual do Bradesco, o ShopFácil, custa R$ 300 mensais para uma loja básica. Em seis meses, atraiu 550 empresas. O número pode não ser tão expressivo frente ao universo de clientes do banco, mas reflete uma tendência. O varejista tem acesso ao atendimento via call center, consultoria e sistema de pagamentos com a garantia de segurança do banco ? serviços que exigem investimentos pesados quando feitos sob medida. Mesmo dentro do ShopFácil, lojas virtuais mais complexas chegam a custar R$ 30 mil mensais. ?Observamos que havia demanda para os pequenos, por isso optamos por pacotes mais baratos?, diz Antranik Haroutiounian, diretor de negócios do site.
A queda de preço é natural quando uma tecnologia fica mais acessível. No caso da Internet, o processo foi acelerado em função de receitas cada vez menores. O banner, peça de publicidade virtual, ainda mantém seus preços ? mas o sistema de vendas está cada vez mais flexível. ?Antes os portais vendiam apenas grandes volumes, com anúncios programados para seis meses. Agora é possível encontrar pacotes mensais?, diz Elisa Calvo, da agência Age. Até mesmo as negociações com endereços na Internet, os domínios, não envolvem mais as quantias do passado. Recentemente, a America Online conseguiu os direitos sobre o endereço aol.com.br, depois de dois anos na Justiça. Estima-se que o acordo tenha sido fechado após o pagamento de R$ 130 mil, considerado pouco para a maior empresa de mídia e Internet do mundo. ?Em um ano, o valor de negociação sobre domínios caiu 50%?, diz Renato Opice Blum, advogado especializado no assunto.