Há pouco mais de um mês, o advogado paulista Fernando Rosenthal, de 35 anos, sentiu pela primeira vez aquele friozinho na barriga que acomete todo investidor quando começa a operar na Bolsa de Valores. Assessorado pela Boutique de Investimentos Asset Management, a Biam, ele fez sua primeira incursão na Bovespa. Ansioso, sim, mas sem desespero aparente. Rosenthal é um tipo raro de aplicador de primeira viagem: é zen. Não acompanha obsessivamente todos os movimentos do mercado ao longo do dia, não arranca fios de cabelo quando há um forte alteração no índice, nem mesmo interroga os analistas para saber, nos mínimos detalhes, quais são seus planos e estratégias de atuação. ?Simplesmente confio nos profissionais que estão cuidando do meu dinheiro?, diz. ?Eles sabem o que estão fazendo, espero!?

O perfil de Rosenthal é o oposto do comportamento do economista Gustavo Russo, de 27 anos. Compulsivo, desde que começou a administrar a carteira do pai, em 2002, Russo já fez cursos de finanças, lê tudo que encontra sobre o tema e telefona obstinadamente para sua corretora, a Souza Barros, em busca de informações. Hoje, no entanto, ele afirma que já consegue se controlar. ?No início, eu era obsessivo, ficava noites sem dormir, passava o dia ligado na internet e no telefone?, conta.

Os sintomas, na realidade, são os mesmos para muitos investidores. É a chamada síndrome da Bolsa de Valores, que deixa seus apostadores agitados, eufóricos e, às vezes, longe do bom senso. Os especialistas afirmam: a Bolsa não precisa ser um tormento. Investir não é uma espécie de batalha. É um processo contínuo, mantido ao longo de toda a vida. O segredo para se manter calmo é exercitar o auto-controle. Excesso de auto-confiança pode deixá-lo mais pobre. Por isso, lição número um: reconheça seus limites. As informações que você tem sobre uma ação ou empresa provavelmente também são conhecidas por outros aplicadores.

Para escapar da armadilha da arrogância, vale o antigo mandamento: diversifique o portfólio para evitar perdas em um único ativo. Use análises de terceiros, mas confie na intuição. Além disso, olhe para o futuro: em finanças, o passado nem sempre é um prolongamento perfeito. E não se esqueça de que, quanto mais transações você realiza, maiores os custos que incidem sobre seu investimento. ?Uma regra é administrar os recursos como se fossem de uma empresa?, ensina Marcelo Oliveira, diretor da RiskControl, desenvolvedora de soluções financeiras. ?Numa empresa, a soma de contas a pagar e a receber deve ser positiva.?

Embora os requisitos para uma carteira lucrativa sejam simples, não é fácil segui-los. Consultores dos primórdios da economia capitalista já pregavam os mesmos ensinamentos. Quando surgiram as primeiras instituições financeiras, na Suíça, no século XIX, o físico Max Gunther elaborou um livro com determinações sobre a maneira mais eficiente de investir. A lista ficou conhecida como ?os axiomas de Zurique? e permanece útil. Em momentos de grande estresse, os mandamentos podem ser um alívio para quem sofre com a montanha-russa da Bolsa.